Planejamento para eventos extremos

Importância

Em um mundo que passa por fortes mudanças ambientais, os eventos extremos de dissipação de energia na natureza estão cada vez mais frequentes. Nesse cenário, passar informações aos participantes se torna cada vez mais importante, visto que muitos deles procurarão terras não ocupadas e muitas vezes degradadas para se estabelecer e viver.

Objetivos

Apresentar os eventos extremos e suas formas de manifestação, intensidades, locais mais comuns de ocorrência e propor estratégias e ações de planejamento que possam prevenir incidentes e aumentar a resiliência humana frente a catástrofes.

Conteúdo mínimo

É preciso classificar os eventos extremos, desde os menos nocivos até os mais desastrosos para o conhecimento do máximo de possibilidades e a nossa permanência em um determinado assentamento humano.

Consideram-se os eventos menos nocivos aqueles que podem ser contornados com estratégias de resiliência e mais nocivos ou desastrosos os que demandam reparações no ambiente planejado.

Dica: É importante lembrar que como espécie migratória, a humanidade viveria em plena harmonia com eventos extremos, pois jamais precisaria estar presa a uma única paisagem, podendo assim, migrar atrás de recursos necessários à sua sobrevivência. Porém, esse cenário migratório é impossível dentro da realidade de capacidade de suporte planetária ultrapassada e na vigência do direito de propriedade impetrado pela nossa civilização “moderna”.

Metodologia

Uso de aula interativa, expositiva e participativa para aflorar as opiniões do grande grupo acerca dos eventos extremos.

A aula interativa compreende dois momentos separados por uma breve exposição conceitual. A primeira interação é dedicada ao reconhecimento dos eventos extremos, para saber como lidar com eles. Nela o instrutor deve mediar as opiniões e também conduzir o grupo ao objetivo principal. Logo após, há um tempo para que o instrutor possa repassar alguns conceitos-chave sobre eventos extremos. Após isso, é sugerida uma segunda interação em que os alunos são separados em grupos para discussão dos fenômenos associados a cada elemento natural.

Primeira interação

2 horas

Separe os participantes em grupos que representam os elementos naturais – água, fogo, ar e terra. É aconselhável usar os mesmos grupos preestabelecidos que irão seguir unidos até o projeto final de planejamento.

Após isso, solicite que cada grupo liste os eventos extremos vinculados ao seu elemento natural. Assim, o grupo “água” listará os eventos que julguem vinculados à água e assim por diante. Para isso serão necessários cerca de 15 minutos de discussão em grupo.

Após esse momento, o instrutor cria um gráfico com dois eixos ortogonais e nomeia os eixos de acordo com cada elemento natural, opondo ar à terra e fogo à água. Se desejar, o instrutor pode ainda inserir uma escala de 1 a 5 ou de 1 a 10 para cada um dos lados dos eixos, buscando dar visibilidade às diferentes intensidades dos eventos extremos que virão no próximo passo.

Momento da primeira interação mediada pelo instrutor. Foto: Marcelo Venturi.

A seguir, o instrutor irá preencher o gráfico com os eventos extremos listados por cada grupo, inserindo-os de acordo com a intensidade de cada evento, ao longo do eixo correspondente ao elemento natural (essa inserção também pode ser feita por algum participante de cada grupo). Segue-se o processo com os demais grupos, buscando mostrar haver eventos promovidos por mais de um elemento natural (por exemplo, a erupção vulcânica) que podem ficar localizados entre os respectivos eixos (entre terra e fogo neste caso).

Construa o gráfico respeitando a disposição dos elementos naturais antagônicos. Assim, posicione o ar em oposição à terra e a água em oposição ao fogo.  Por questões didáticas é interessante posicionar no eixo vertical os elementos conforme vemos na natureza. Dessa forma, temos duas opções de posicionamento: o fogo, que tende a subir, em cima e a água, que tende a descer, embaixo ou o ar em cima e à terra embaixo.

A disposição didática mais adequada, conforme a figura a seguir, coloca no eixo vertical à terra embaixo, o ar em cima e, no eixo horizontal, a água e o fogo. Isso se deve em virtude do que compreendemos em termos de visão, pois vemos sempre à terra como base para tudo, o ar sempre acima e as manifestações vinculadas à água e ao fogo sempre ocorrendo junto à superfície da terra.

Elementos naturais e eventos extremos associados distribuídos pelo grupo de participantes no gráfico.

Após todos os elementos inseridos no gráfico, consulte todos os participantes a respeito dos eventos extremos que são passíveis de serem prevenidos através do planejamento. Com a opinião geral, trace uma linha que envolva esses eventos. Como resultado, teremos uma linha que irá separar os eventos preveníveis dos mitigáveis.

Delimitação, baseada no entendimento dos participantes, a respeito dos eventos extremos preveníveis e mitigáveis.

O gráfico parece completo, mas não está. É necessário inserir o fator antrópico, ou seja, da espécie humana desconectada da natureza. Em conjunto com todos os participantes, solicite que indiquem alguns eventos extremos causados pela ação humana e elenque-os de acordo com a intensidade, assim como foi feito com aqueles vinculados aos demais elementos naturais.

A sugestão de representação no gráfico é inserir um imaginário eixo “z”, que representa esse fator antrópico, e tentar identificar como esses eventos extremos de cunho antrópico influenciam nos demais. A resultante será uma espiral que permeia todos os elementos e tem a potencialidade de incrementar ou reduzir seus efeitos. Siga na discussão sobre como serão essas mudanças.

Elenco de eventos extremos vinculados ao fator antrópico e sua inserção no gráfico. Foto: Arthur Nanni.

Exposição

30 min

Uma vez incorporados os eventos extremos, sua vinculação com cada elemento natural, ranqueadas as suas intensidades e separados os eventos preveníveis dos remediáveis, é importante explicar os conceitos de desastre, vulnerabilidade, risco, adaptabilidade e resiliência:

  • Desastre – evento de causa natural, comportamental, antrópica e/ou tecnológica que afeta a normalidade do funcionamento dos ecossistemas e das sociedades que dele dependem.
  • Vulnerabilidade – é a situação que indica um estado de fraqueza, insegurança ou instabilidade que pode se referir tanto ao comportamento das pessoas, a objetos, condições, ideias e outros.
  • Risco – é quando, uma vez vulnerável a uma determinada situação, há a possibilidade de haver danos e prejuízos à sociedade, afetando a economia e os ecossistemas.
  • Resiliência – É a capacidade de algo retornar ao seu equilíbrio dinâmico e se manter íntegro para perfazer suas funções.
  • Adaptabilidade – É a capacidade que algo ou alguém possui em relação a sua adaptação a condições impostas.

Segunda interação

60 min

Após compartilhado esse conhecimento, chegou a hora de aplicá-lo ao planejamento. Assim, solicite que os grupos se separem novamente e estabeleça as seguintes atividades:

  • Pensar/discutir a respeito de métodos/formas de prevenir e remediar os eventos extremos vinculados ao seu elemento natural (20 min).
  • Elencar cada evento e as técnicas encontradas em uma breve apresentação (10 min).
  • Apresentar ao grande grupo os resultados (30 min).
Um dia ensolarado com grupos de pessoas sentados na grama discutindo sobre eventos extremos.

Grupos separados pelos elementos naturais discutindo sobre técnicas de planejamento para eventos extremos. Foto: Marcelo Venturi.

Dica: A apresentação irá suscitar discussões que estimularão os feedbacks coletivos. Aproveite a discussão para aprofundar o conhecimento.

Atividade no EaD

Conteúdo Complementar

Vídeos

Leitura

Aula

Referências sugeridas

Morrow, R. (2014). Earth User’s Guide to Teaching Permaculture. Permanent Publications.

Vũ, H. L. (2018). Permaculture solutions for climate change, case study in da Bac district, Hoa Binh province.  https://www.academia.edu/37563430/PERMACULTURE_SOLUTIONS_FOR_CLIMATE_CHANGE_CASE_STUDY_IN_DA_BAC_DISTRICT_HOA_BINH_PROVINCE

Entre em contato com os autores