Energias

Importância

Em um CPP cuja estrutura é pautada pelos fluxos energéticos, a temática das energias é de extrema importância na formação básica em permacultura. A partir da sua abordagem, será possível compreender os diferentes fluxos na paisagem, o que permitirá fazer com que o ambiente planejado seja eficiente do ponto de vista do manejo, pois o tempo e a energia não gastos, poderão ser mais bem empregados em outras atividades cotidianas.

Objetivos

  • Introduzir o conceito de energias renováveis e não-renováveis.
  • Abordar o conceito de energia incorporada ou emergia e as perdas por conversões.
  • Identificar o sol como o nosso provedor de energias renováveis.
  • Visualizar as energias que moldam a paisagem e seus fluxos.
  • Perceber os ecossistemas como sistemas abertos.
  • Interpretar os diferentes aproveitamentos de fluxos energéticos paras serem usados a nosso serviço.

Conteúdo mínimo

Energias na paisagem, estocagem, emergia, aproveitamento e tecnologias apropriadas.

Metodologia

Promover o reconhecimento das diferentes energias disponíveis na paisagem através de dinâmica interativa com a participação de todo o grupo de permaculturandos.

Expor de forma sistematizada como a energia do sol se transforma em outras por intermédio de sua contínua conversão em diferentes fluxos. Nessa sistematização é necessário mostrar também onde é possível usar energias que são provenientes do calor interno do planeta, como, por exemplo, a geotermal.

Aula interativa

Energias na paisagem

90 min

Selecione um bom tanto de fotos de paisagens incluindo diferentes locais, morfologias de terreno e climas no mundo. Separe uma dúzia delas, deixando bem sortidas as cenas para fazer com que os participantes possam opinar sobre fluxos energéticos em diferentes paisagens.

Dica: Use imagens de acesso livre para confeccionar seus materiais didáticos. Um bom banco pode ser encontrado em Wikimedia Commons ou em Pexels. Você pode acessar aqui um conjunto de imagens obtido no Wikimedia Commons, que utilizamos nessa aula, mas vale pesquisa por outras na fonte indicada.

Projete uma primeira imagem (costumamos projetar uma que apresenta uma rede de alta-tensão) e pergunte ao grupo: “Onde está a energia?”. Várias respostas virão, como “nos cabos da rede” (o mais óbvio). Outros dirão “no vento”, pois parece ventar muito nessa paisagem. Renomeie os arquivos das imagens; deixe numa sequência previamente sabida por você e siga alguns passos:

  • Siga perguntando com base na mesma paisagem. “Onde mais tem energia”? Dê alguns estímulos, do tipo “Pega sol nesse lugar?”, “Vocês consideram ser frio ou quente aí?”.
  • Devem aparecer ao todo seis energias: sol, vento, água, minerais, biomassa e gravidade. Vê-se que desse grupo temos tanto as potenciais, como as cinéticas (em conversão). Geralmente “gravidade” aparece por último, pois a ignoramos sumariamente, por ser tão óbvia.
  • Com essas energias colocadas, crie uma tabela inserindo números nas colunas ou nome para cada uma das 12 ou mais paisagens, selecionadas previamente. Nas linhas, coloque às seis energias.

Paisagem natural em Uganda. Fonte: Dave Proffer (2007).

  • Tente estabelecer/interpretar com o grande grupo quais as energias presentes na paisagem e qual a intensidade de cada uma, procurando hierarquizá-las na tabela, por exemplo, na imagem acima, da savana em Uganda – solar > vento > mineral > biomassa > água > gravidade. Sugere-se colocar números de 1 a 6 na tabela para ranquear as diferentes energias e evidenciar para o participante as melhores a serem aproveitadas.
  • Faça o mesmo procedimento com as demais paisagens, como na imagem abaixo, do interior da Áustria – água > mineral > sol > biomassa > vento > gravidade. Veja que a interpretação é subjetiva. Por essa razão, a decisão precisa ser tomada em grupo, e o papel do instrutor é o de intermediar as opiniões, preencher a tabela e ir elucidando o porquê dessa hierarquização de intensidade de energias na paisagem.

Paisagem na Áustria. Fonte: Zeitblick (2015).

O resultado será uma matriz com esses escores definidos pelo grande grupo, possibilitando o reconhecimento e o estabelecimento de prioridades de aproveitamento das diferentes energias/fluxos em cada paisagem.

Dica: Procure inserir uma foto da paisagem onde está sendo ofertado o CPP para que os participantes locais possam reconhecer e “se reconhecer” na aula interativa. Caso você saiba a proveniência de cada participante, procure inserir fotos dos seus locais de origem, buscando o mesmo efeito. Não se esqueça de contemplar paisagens em outros climas, pois a formação em permacultura como ciência prevê sua aplicação em todo o planeta.

Comparativo de intensidades de fluxos em cada paisagem construída na dinâmica de grupo. Fonte: Videoaula do “CPP EaD Terra Permanente” – Rede NEPerma Brasil.

Exposição

60 min

No intuito de resumir a aula interativa anterior e esclarecer eventuais dúvidas quanto às energias que fluem no planeta, faz-se necessária uma breve exposição a respeito de como o Sol é o grande promotor de geração e transformação de energias em torno da superfície terrestre. Nessa exposição, costumamos trazer algumas imagens que mostram de forma sistêmica como esse processo de transformação da energia se dá na Terra, estabelecendo um momento de reflexão por parte do participante, que passa a vislumbrar outras possibilidades de aproveitamento/conservação de energia na paisagem que está planejando.

Resultados da dissipação/transformação da energia do Sol quando chega à superfície do planeta. Fonte: Cena da aula de “Energias” utilizada pelo NEPerma/UFSC.

Ainda nessa etapa conceitual, a abordagem do conceito de “emergia” deve ser introduzido. Sua abordagem deve ser o mais lúdica possível, na busca de traduzir o pensamento sistêmico aos permaculturandos e fortalece a análise ambiental crítica individual e coletiva. Em nossos cursos gostamo muito de usar o breve vídeo A extraordinária vida e tempos de um morango.

O conceito de emergia abordado de forma lúdica.

Na segunda parte dessa exposição é possível fazer a apresentação das tecnologias apropriadas para manejar os fluxos energéticos na paisagem. Isso possibilita mostrar como transformar estes em outros tipos de energia, como a elétrica, por exemplo, e também, mostrar como, no manejo, é possível estocar essas energias de forma dinâmica na paisagem, ou seja, mantendo os fluxos.

As tecnologias sugeridas para transformação/conversão local de energias. Fonte: Cena da aula de “Energias” utilizada pelo NEPerma/UFSC.

O fechamento dessa parte de ensino deve colocar uma sétima energia, a animal. Nessa, estamos inseridos como promotores de fluxos e força de trabalho, mas também como planejadores, que decidirão como e onde se dará a nossa participação e a de outras espécies animais no ambiente planejado.

Atividade no EaD

  • Conforme a área escolhida para o planejamento permacultural, solicite ao aluno que reconheça e liste as energias que fluem na paisagem, enumerando-as da mais para a menos intensa.
  • Com base nas energias identificadas, solicite que o participante apresente os melhores aproveitamentos e as tecnologias apropriadas para tal e argumente sobre sua decisão de escolha, lembrando-lhe que ele está buscando a sua autossuficiência energética.

Conteúdo complementar

Vídeos

  • Assista à playlistEnergias” no canal da Rede NEPerma Brasil.

Leitura

Aula

Referências sugeridas

MARS, R. O design básico em permacultura. Porto Alegre: Via Sapiens, 2008.

Chapter 7 – Houses, water and energy and Chapter 17 – Animals. In: MCKENZIE, Lachlan; LEMOS, Ego. The Tropical Permaculture Guidebook: A Gift from Timor-Leste. International Edition, 2017. v. 1. ISBN: 978-0-6481669-9-3. Disponível em: https://permatilglobal.org/. Acesso em: 02 mar 2022.

ODUM, E. P.; BARRETT, G. W. Fundamentos de ecologia. Trad. Pégasus Sistemas e Soluções. São Paulo: Cengage Learning, 2008. 612 p.

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