No roteiro de visitas dessa etapa do projeto Permacultura Brasileira – Permabrasuca – conhecemos sete experiências na Bahia e duas no Espírito Santo.
Uma comunidade, cansada de esperar a conclusão das obras de uma escola, se organizou para ocupar e administrar o espaço de ensino e atender as crianças do distrito de Maniaçu em Caetité na Bahia. Nesse contexto, a comunidade adentra as instalações inacabadas e inicia uma revolução na educação local, permitindo as crianças acessarem um local mais adequado para aprenderem e socializarem. O pátio da escolha virou um grande sistema agroflorestal e aos poucos outras práticas da permacultura e agroecologia seguem sendo implantadas.
Em Barreiras, no oeste da Bahia, um espaço de vida bioconstruído junto as escarpas da Serra do Mimo, mostra a harmonização da ocupação territorial pensada nos moldes da permacultura com o entorno. Materiais locais, conforto térmico e qualidade de vida em um contexto de temperaturas elevadas.
Depois do Oeste baiano, o leste se fez presente em Tucano, onde vive Marsha Hanzi, referência em permacultura no Brasil. Em seu espaço de vida conhecido como Jardins Marizá, a permacultura aparece em todos os cantos, revelando a sabedoria dessa mestra em planejamento de ambientes naturais.
Ainda em Tucano, conhecemos o espaço de produção de Luiz, um dos seguidores dos conhecimentos de Marsha. Em seu espaço, o permacultor cultiva alimentos em sistemas agroflorestais fertirrigados por gravidade com águas provenientes de um açude à montante dos plantios, fornecendo boas condições de crescimento para as plantas.
Em direção ao litoral, conhecemos o Quilombo Tenondé, em Valença. Nesse espaço coletivo de resistência tivemos a oportunidade de vivenciar a expressão cultural do Permangola e pudemos aprender melhor sobre sistemas produtivos pensados para o contexto da floresta atlântica. No local, há também um arranjo de captação de águas das chuvas que abastece um sistema de aquaponia de pequena escala que utiliza águas reservadas excedentes em sua manutenção.
No litoral acompanhamos de perto o cotidiano da ecovila Piracanga em Maraú. O espaço conta com moradores permanentes e temporários e possui duas escolas, uma de formação básica e outra com viés na educação ambiental. Pensada para se adaptar ao contexto de ter sob suas casas às águas de consumo, a ecovila possui sistemas ecológicos de tratamento de efluentes. A mobilidade do espaço também merece destaque no que tange o estímulo ao caminhar e socializar-se.
No Estado do Espírito Santo, essa etapa de visitas do Permabrasuca, teve como objetivo cobrir o Norte do Estado em complementação ao sul, visitado em 2022. No interior de Conceição da Barra em meio a um mar de eucaliptos, visitamos o espaço de retomada do Quilombo de Santana, onde em um pouco mais de 1ha, Sidilei cultiva muitos alimentos em sistemas agroflorestais, o que estimula a infiltração das águas nos mananciais porosos do litoral capixaba. O espaço ainda em estruturação mostra bem o potencial produtivo do contexto dessa região, quando há um bom manejo da natureza.
Por último, visitamos na localidade de Riacho doce em Conceição da Barra, o espaço de vida de uma comunidade tradicional em busca do seu reconhecimento como indígenas. Podemos entender melhor como essas pessoas resistem às pressões das imposições governamentais sobre suas tradições em virtude da implantação do Parque Estadual de Itaúnas.