Revista Perma lança novo número

Cuidar da vida na Terra, partilhando saberes

Com grande satisfação, apresentamos o terceiro número da Revista Perma, periódico de natureza epistemológica, inter e transdisciplinar, que busca dialogar com conhecimentos das mais diferentes áreas integradas à ética e aos princípios de planejamento da Permacultura. Este número da revista, assim como os anteriores, traz o protagonismo das Instituições Federais de Ensino Superior e suas contribuições autorais sobre a interface entre a permacultura, ações de pesquisa, extensão e educação.

A professora Francisca Pereira da Universidade Federal do Cariri (UFCA), praticante e pesquisadora da permacultura desde 2009, traz no artigo “A permacultura como estratégia para recuperação e ressurgências de paisagens humanas e não humanas na era das mutações climáticas”, um ensaio com reflexões sobre as estratégias da permacultura para recuperação de paisagens dentro do novo regime climático, demonstrando a relevância da permacultura como paradigma ecológico sistêmico que pode nos apoiar em direção às transições socioecológicas que precisamos realizar em nosso tempo.

A gestora pública Francisca Daussy, ex-servidora da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, traz com outros autores, uma síntese de seu trabalho de conclusão de curso, realizado na segunda turma do Curso de Especialização em Permacultura oferecido pela Rede NEPerma Brasil e coordenado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Daussy et al. versam no artigo “Interfaces entre Permacultura, Promoção da Saúde e Saúde Planetária no contexto da Saúde Coletiva”, sobre como os 12 princípios de planejamento da Permacultura podem instrumentalizar o desenvolvimento de territórios saudáveis preconizados no emergente campo de pesquisa da Saúde Planetária, que busca “compreender, quantificar e agir para reverter os efeitos do crescimento da população humana e da aceleração das atividades socioeconômicas sobre o ambiente, que impactam, retroativamente, a saúde e o bem-estar humanos” (Xavier, s. d.).

Na ciência acadêmica, opiniões devem se transformar em hipóteses, sem as quais não teríamos perguntas. E, sem perguntas, por que buscaríamos respostas? Nessa linha, o pesquisador e tradutor Felipe Figueira visita à obra “The Water Wizard” – publicada há quase 100 anos – que está sendo traduzida por ele para breve lançamento na língua portuguesa.  No artigo “A cultura permanente da água na visão de Viktor Schauberger”, Figueira traz “reflexões sobre a água, que antecipam princípios contemporâneas da ecologia e da permacultura” e que “descrevem a água não apenas como uma substância química, mas como um sistema vivo, dotado de ‘alma’ e ‘caráter’. Em seu texto, além do caráter científico e informativo, há também “um apelo para buscarmos uma sintonia com a escala mínima e inteligente dos sistemas naturais”.

A expressão da extensão vem com mais três artigos. No primeiro, a educadora Marjorie Vasques, também aluna egressa do Curso de Especialização em Permacultura, orientada por Jeane Pukall, objetivaram identificar fatores na escola que promovam projetos de Permacultura aliados à ecoformação. O artigo “Permacultura na Escola pública: uma experiência em ecoformação” mostra como a permacultura pode auxiliar na implementação dos temas transversais da educação ambiental, definidos pela Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2018).

E ainda na linha da educação, pesquisadores da UFSC em parceria com extensionistas rurais da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), trazem no artigo “TERRA – uma abordagem permacultural para resíduos sólidos rurais”, propostas de autogestão de resíduos sólidos rurais na perspectiva da extensão rural, com foco em soluções de base comunitária.

O terceiro artigo, “Podcast sobre permacultura para fomentar políticas públicas de eficiência energética”, escrito por Ferreira et al. traz mais uma contribuição da UFSC, junto ao Programa de Pós-Graduação em Energia e Sustentabilidade (PPGES). Nele, os autores relatam uma experiência relevante sobre a divulgação da permacultura, utilizando o recurso do podcast para sensibilizar leitores e ouvintes sobre a importância da gestão eficiente de energias.

O marcante protagonismo das nossas instituições federais de ensino superior, especialmente da UFSC, demonstra a posição de vanguarda dessa instituição no processo de consolidação da Permacultura, como uma ciência socioambiental sistêmica e na articulação de uma rede de profissionais comprometidos em outras Instituições de Ensino Superior (IES) no país.

Este cenário promissor evidencia a necessidade de uma amplificação da discussão do tema nas mais diferentes formações profissionais, da saúde à educação, passando pela extensão rural e a comunicação, entre outras áreas de conhecimento que têm sido mobilizadas também em publicações de edições anteriores da revista Perma.

A permacultura vêm sendo cada vez mais reconhecida em meios de divulgação científica nacionais e internacionais e não faltam evidências para demonstrar o potencial desta ciência socioambiental para dar respostas contextualizadas ao novo regime climático, que impõe uma série de desafios à humanidade. Está na hora de nossas Instituições de ensino reverem suas convicções e propostas curriculares de formações profissionais, que seguem forma[ta]ndo mentes brilhantes para operarem dentro da lógica exploratória e do lucro, uma “máquina de horror”, que há muito tempo vem diminuindo nossas chances de prosperar como espécie nesse finito planeta.

Desejamos uma boa leitura!

Referências

Brasil. (2018). Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação. https://basenacionalcomum.mec.gov.br/ 

Xavier, F. (s. d.). O que é Saúde Planetária? Recuperado 14 de dezembro de 2025, de https://saudeplanetaria.iea.usp.br/pt/o-que-e-saude-planetaria/ 

Permabrasuca conhece experiências no RJ

Seguindo com as verificações em campo, os pesquisadores Arthur Nanni (UFSC), Luiza Valente e Dirlane do Carmo (UFF) conheceram experiências localizadas em Niterói, Cachoceiras do Macacu e Nova Friburgo no estado do Rio de Janeiro.

Em Niterói conhecemos o trabalho do Laboratório de Práticas Agrícolas Sustentáveis da Universidade Federal Fluminense, que atua na oferta de cursos de extensão e disciplinas de graduação e pós-graduação, que abordam a temática da agroecologia e permacultura.

Na região oceânica de Niterói o “Centro de Educação Ambiental Amaravista” busca regenerar um espaço urbano que foi alvo de grilagem no passado e, que passou para a tutela da comunidade depois de muita persistência coletiva. No local, práticas de compostagem, plantio de mudas e cultivo de alimentos orgânicos são praticados por voluntários.

Na região serrana em Nova Friburgo, o “Sítio Cultivar” protege nascentes e cultiva alimentos biodinâmicos há mais de 34 anos e os comercializa em feiras locais, promovendo a geração de empregos na comunidade e a valorização das paisagens naturais.

Em Cachoeiras do Macacu, José Ataíde do “Sítio Balaio Orgânico”, que participou do 3º Curso de Planejamento em Permacultura para Educadores em 2022, abriu as porteiras para nos mostrar seus sistemas agroflorestais e o manejo integrado das águas.

Ainda em Cachoeiras do Macacu, visitamos o “Sítio Maloca Florestal”, que iniciou atividades em 2021 e segue em implantação com o desenvolvimento de sistemas agroflorestais e criação de abelhas melíponas.

Perma se consolida como periódico científico-popular

A Revista Perma é uma publicação da Rede NEPerma Brasil, que busca promover e popularizar a permacultura. A obtenção do registo ISSN 3085-6760 consolida a Revista como periódico científico-popular na temática da permacultura.

Agora, cada artigo publicado conta com um DOI que fornece um link permanente, facilitando o acesso e o compartilhamento das obras publicadas na Revista Perma.

Com dois números publicados, a Revista Perma está com chamada aberta para submissões de manuscritos para o próximo número, que serão recebidas até 1º de Maio de 2025 para que as primeiras publicações sejam lançadas em fluxo contínuo a partir de 22 de setembro no equinócio de primavera de 2025.

Você pode se cadastrar em nosso site como autor(a), leitor(a) e/ou revisor(a).

Ajude-nos a popularizar a permacultura!

Convite para publicar no terceiro número da Revista Perma

A Rede NEPerma Brasil convida você a submeter trabalhos e conteúdos multimídia destinados a compor a terceira edição de primavera da Revista PERMA – 2025.

As submissões para esta edição serão recebidas até 1º de maio de 2025 para que as primeiras publicações sejam lançadas em fluxo contínuo a partir de 22 de setembro no equinócio de Primavera.

Você pode se cadastrar em nosso site como autor(a), leitor(a) e/ou revisor(a).

Saiba mais…

Permacultura em prosa entrevista Marsha Hanzi

Marsha Hanzi é uma personagem icônica na permacultura brasileira. Formada pela primeira turma em 1992, seus anos de experiência e luta na difusão da permacultura no Brasil, nos mostram muitas possibilidades de caminharmos para um futuro de energia em decrescimento e exigentes adaptações ao novo regime climático.

Nesse episódio do Permacultura em prosa visitamos Marsha Hanzi nos Jardins Marizá em Tucano/BA. Na entrevista, ela nos conta um pouco sobre sua história e da permacultura no Brasil. Desde constatações de manejo no semiárido e temas mais polêmicos como a educação básica, Marsha fala da sua experiência passados 21 anos de vivências da permacultura no nordeste brasileiro. Fique à vontade e confira essa prosa em todos seus detalhes.