Atualizado em
Arthur Nanni
A energia geotermal é pouco explorada no Brasil, pois não dispomos de fontes que “saltem aos olhos” ou gerem interesse econômico. Isso faz com que desprezemos sua existência e utilizemos outras fontes mais usuais em nosso cotidiano.
Apesar disso, na permacultura o olhar atento para a leitura da paisagem, permite-nos fazer uso de energias negligenciáveis no senso comum, mas de grande valia em um espaço planejado onde o que se busca é a eficiência energética e emergética.
Fresqueira de Holmgren
Essa técnica busca usar a temperatura mais baixa e de menor amplitude do subsolo para forçar o ar externo à casa para dentro dessa, por meio da diferença de pressões. É uma adaptação para climas quentes do poço canadense, uma técnica adequada ao clima frio do Canadá em condição de solos de permafrost, onde o que se deseja é o aquecimento das casas.
Características
É um elemento estrutural que compreende a instalação de tubos enterrados em uma porção do terreno que esteja abaixo do piso da casa. Esses tubos permitem a entrada de ar mais frio – temperatura dos solos em subsuperfície – para um espaço fechado na casa, geralmente um armário ou uma geladeira desativada, onde serão estocados alimentos que se quer conservar por mais tempo.
Necessidades
Necessita de terreno com declividade mínima para a implantação, definição do setor de ventos frios e área livre para escavação junto à edificação que irá abrigar o armário refrigerado.
Funções
Criar ambientes fechados com temperaturas mais amenas e menor amplitude térmica. Esses podem ser espaços isolados para preservar alimentos ou mesmo refrigerar a casa.
A tecnologia em detalhe
A Fresqueira de Holmgren conecta o entorno de uma residência à parte interna dessa. É apropriada para todas as condições bioclimáticas brasileiras e pode ser melhorada em eficiência conforme o método e materiais utilizados.
A implantação necessita da construção de uma vala alongada na posição de tomada de vento, captando assim um ar mais frio. Os tubos podem ser de PVC, de cimento ou mesmo manilhas de cerâmica. No caso dos últimos dois, é necessário que o lençol freático seja profundo, mais baixo que os tubos, pois a entrada de águas nos mesmos poderá bloquear a entrada de ar, anulando a eficiência do dispositivo. Esse efeito pode ser evitado com o uso de canos de PVC, porém, a troca de temperatura com os solos fica menos intensa. Independente do material utilizado, sugere-se a construção de uma caixa de vistoria e, se possível, um dreno logo na curva de ascensão do ar para permitir a drenagem das águas nos períodos de chuvas.
É importante que se respeite alguns quesitos para o bom funcionamento da tecnologia social. A diferença entre alturas deve ser A1 > A2 > A3 para possibilitar que haja diferença de pressão, capaz de promover a circulação forçada do ar externo para o armário refrigerado na parte interna da edificação. A altura “A4” deve ser, pelo menos, 3 vezes maior que o diâmetro dos tubos utilizados, para garantir a ascensão do ar.
O armário pode ser de madeira, barro ou mesmo uma geladeira velha desativada. As prateleiras precisam ser vazadas para permitir a passagem do ar e deve haver uma boa vedação da porta, para evitar entrada de ar ou insetos pela mesma.

Verificação de aplicação
Essa técnica foi visualizada no espaço Ecovida São Miguel em Serro/MG. Um vídeo explicativo apresentado pelos permacultores Peter e Marina traz mais detalhes sobre a tecnologia.
Referências
Lengen, J. V. (2002). Manual do Arquiteto Descalço. Casa do sonho.