Aterrar na permacultura em favor de outros mundos possíveis na era do antropoceno

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.14751274

Palavras-chave:

Permacultura, Ensino, Antropoceno, Novo Regime Climático

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar uma leitura da permacultura a partir dos estudos críticos da Virada Ontológica da Antropologia e Filosofia da Ciência na Era do Antropoceno. Parte da hipótese de ficção política apresentada por Bruno Latour e da afirmação de um Novo Regime Climático, que avançou de um contexto de “crise” ambiental de fins do século XX, para o de “mutações”, contemporaneamente. Esta realidade, entretanto, apesar de todas as evidências e dados sobre o aquecimento global e suas consequências, vem sendo negada por uma elite neoliberal - desde a década de 1980 - resultando em um movimento internacional negacionista do clima, entre outros. É nessa conjuntura de passagem da “crise” às “mutações” ocorridas no social, na política e na biosfera da Terra, que a permacultura aparece como uma grande “ideia para adiar o fim do mundo”, na expressão de Ailton Krenak, ou como resistência para a Grande Virada, conforme Joanna Macy e Chris Johnstone, exigindo que entremos em ação e atualizemos nossa forma de pensar, agir e organizar nessa nova conjuntura de catástrofes e ruínas.

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Biografia do Autor

Francisca Pereira dos Santos, Universidade Federal do Cariri

Francisca Fanka Pereira dos Santos, atua como Professora Titular na Universidade Federal do Cariri (UFCA), onde leciona na Graduação e Mestrado em Biblioteconomia. Formada em Letras, Especialização em Literatura Brasileira, ambos pela Universidade Regional do Cariri (URCA). Mestra em Sociologia (UFC) e Doutora em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Pós-doutorado em Linguística (Universidade de Poitiers (UP) com Bolsa CAPES 08/2012 a 07/2013 e pós doc em Educação pela UFC (2021). Lançou vários livros, entre eles: Romaria de versos (2008), Água da mesma onda (2011), Esmiuçando saberes de gente semente (2011), em parceria com Izaira Silvino, Bioera: a rede viva de conexões (2020), em parceria com o professor Eduardo Antonio Bonzatto e O Livro delas - catálogo de autoria feminina na cantoria e no cordel (2021). Fanka Santos é também produtora cultural e vem atuando desde 2010 com desenvolvimento sustentável, tendo criado o coletivo Aldeia da Luz, um hardware ambiental, atualmente Instituto de permacultura da caatinga, que trabalha com recuperação de ecossistemas através do design em permacultura. Tem desenvolvido na região vários projetos, como o Pé d’Ecola, uma escola de livre pensamento em naturezasculturas, localizada no sítio correntinho-Crato, onde atualmente é uma Reserva Participar do Patrimônio Natural - RPPN. Fanka Santos, como é conhecida, também recebeu o Prêmio Fomento Cultura e Arte Do Ceará - Lei Aldir Blanc Ceará, em 2020, de reconhecimento pelo trabalho com a cultura.

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Publicado

12.12.2024

Como Citar

Santos, F. P. dos. (2024). Aterrar na permacultura em favor de outros mundos possíveis na era do antropoceno. Perma, 2(1), e21202405. https://doi.org/10.5281/zenodo.14751274