Growing agroecology and permaculture at the university: harvest against coloniality thinking and sustainability
FERNANDES, Letícia Magalhães1,2,;
CARA, Patrícia Araújo de Abreu 1 ;
MADERI, Talita Ruas1,3;
FIGUEIREDO, Priscila Silva de 1,4
Submetido em 21mar2023, Aceito em 19ago2024
Revisão por: Antonio Augusto Alves Pereira, Marcia Gilmara Marian Vieira e Francisca Pereira dos Santos
DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.14751285
Resumo: A agroecologia e a permacultura são reconhecidas como ciências sistêmicas, conjuntos de técnicas e movimentos socioambientais convergentes. Ambas – fundamentadas em epistemologias científicas modernas e também afro-indígenas e populares – que se propõem a promover maior autonomia e sustentabilidade aos locais e comunidades organizadas segundo seus princípios. A partir do relato de experiência sobre a germinação e desenvolvimento do Núcleo de Permacultura Sete Cascas, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, refletimos sobre o papel destas ciências como pontes na construção de conhecimentos plurais e contra-coloniais sobre sustentabilidade no âmbito do ensino, pesquisa e extensão universitária. Palavras-chave: ensino, pesquisa, extensão, colonização, transição ecológica |
Abstract: Agroecology and permaculture are recognized as systemic sciences, sets of techniques, and convergent socio-environmental movements. Both, grounded in modern scientific epistemologies as well as Afro-indigenous and popular perspectives, aim to foster greater autonomy and sustainability for localities and communities organized according to their principles. Through an account of the experience of germination and development of Sete Cascas – Permaculture Center at the State University of Southwest Bahia (UESB), we reflect onthe role of these sciences as bridges in the construction of diverse and anti-colonial knowledge about sustainability within the context of university teaching, research, and extension. Keywords: teaching, research, extension, colonization, ecological transition |
Introdução
“Penso que a ação e a reflexão devem caminhar juntas. Não existe uma ideologia perfeita, é simplesmente uma política de responsabilidade. A diversidade não é o problema, é a solução para as crises políticas da intolerância, as crises ecológicas da não sustentabilidade e as econômicas da exclusão e da injustiça.”
(Shiva, 2012)
A insustentabilidade da colonialidade/modernidade
O Brasil e todo o continente que hoje é designado como América – ou Abya Yala5 (Porto-Gonçalves, 2009) – se inscrevem no mapa da modernidade a partir da colonização e exploração mercantil pelos europeus. Desde então, o Brasil – assim como outros países colonizados – serviu ao mercado internacional, enquanto deixou de atender aos requisitos de sobrevivência e prosperidade de seus povos (Ribeiro, Darcy, 1995). A colonialidade/modernidade é considerada um dos marcos para o período contemporâneo que alguns cientistas denominam de Antropoceno, conceito que é alvo de disputas e críticas por parte de diversos autores (Ferdinand, 2022; Haraway, 2016; Mignolo & Walsh, 2018). Mas que têm sido usado de modo genérico para designar o momento atual de evolução do sistema terrestre, onde a “humanidade moderna” se tornou uma “força planetária” capaz de criar impactos negativos na Terra – comparáveis a forças geológicas (Veiga, 2017).
Apesar dos alertas da comunidade científica sobre a incompatibilidade entre o modelo desenvolvimentista atual e a segurança da vida humana na Terra (Diamond, 2011; Rockström et al., 2009), os esforços políticos para enfrentar os desafios para a promoção da sustentabilidade, em escalas e níveis adequados, ainda são insuficientes (Nascimento, 2018; Veiga, 2017). Presenciamos de modo alarmante – e cada vez mais próximo – a degradação dos habitats naturais, mudanças no clima, intoxicações por poluentes, entre outros problemas sistêmicos, cujas causas podem ser atribuídas direta ou indiretamente aos modelos convencionais de produção de alimentos, exploração de recursos naturais e manejo inadequado do solo/da terra em nível planetário (Persson et al., 2022; Rockström et al., 2009).
De onde estamos – neste tempo e espaço do sul global – é fundamental refletir sobre as questões relacionadas à sustentabilidade da vida na Terra, ponderando sobre a influência da colonização na construção dos problemas socioambientais atuais. Especialmente, porque as formas de enfrentarmos os desafios de sustentabilidade também dependem da forma como os percebemos (Wiek et al., 2012).
No caso da exploração dos solos – por exemplo – sob o discurso de uma revolução verde agroindustrial que acabaria com a fome de uma população crescente, os europeus expandiram suas fronteiras agrícolas. E no Brasil ultrapassaram os impactos da importação sociotécnica de modelos produtivos inadequados, massacraram e invisibilizaram culturas e saberes importantes para a sustentabilidade de agroecossistemas e comunidades locais nos territórios colonizados (Primavesi, 1997).
Sustentabilidade é um conceito polissêmico – difuso e por vezes contraditório – que tem sido mobilizado e/ou rejeitado por autores das mais diversas áreas do conhecimento. Seu uso na literatura formal surge na idade média para pautar a ideia de capacidade de suporte de terras florestais e de caça, sendo incorporado ao longo do tempo por ambientalistas, economistas, empresários e outros profissionais.
Atualmente, a sustentabilidade também pode ser compreendida como um campo político de disputa (Nascimento, 2018), onde atuam diferentes forças desiguais: governos, empresas, movimentos sociais, e organismos multilaterais; em disputa pelo futuro da civilização humana ameaçada pela decadência do capitalismo. Em palavras simples, podemos dizer que as propostas no campo da sustentabilidade conceitualmente vêm sendo apresentadas para a sociedade como “remédios” para a policrise atual, cada um deles recheados de diferentes visões de mundo, interesses, valores e efeitos colaterais.
Em outra perspectiva antropocêntrica, (Miller et al., 2014) compreendem a sustentabilidade como a forma através da qual diferentes comunidades em várias escalas vislumbram e buscam o bem-estar natural. Neste sentido, as perspectivas de sustentabilidade podem ser tão variadas quanto a diversidade de modos de vida possíveis para as comunidades humanas na Terra!
Amadurecendo estas reflexões, reconhecemos a importância de fazer parte de uma empreitada intelectual em curso. Que visa dar visibilidade às perspectivas dos povos originários, afrodiaspóricos e camponeses (que a partir de agora chamaremos de Povos e Comunidades Tradicionais – PCT6) na construção e/ou resgate de conhecimentos, práxis e epistemologias próprias para deslegitimar imposições conceituais, políticas e sociotécnicas eurocentradas, e dar espaço a percepções e possibilidades de projetos de vida oprimidos pela colonialidade/modernidade. Esta empreitada é o que Mignolo & Walsh (2018) chamam de decolonialidade.
Na corrente de pensamento da ecologia política, vêm ganhando destaque, por exemplo, o debate crítico sobre a invisibilização das questões raciais no ambientalismo clássico, e a necessidade de se pensar uma ecologia decolonial (Ferdinand, 2022).
Tal perspectiva é confluente com o que propõe o Mestre Antônio Bispo dos Santos – Nêgo Bispo – importante pensador quilombola brasileiro, ao chamar de contracolonização o movimento estratégico dos povos originários e afrodiaspóricos ,chamados por Bispo de afropindorâmicos, em resistência, transformação e enfrentamento para superar legados da colonização (Santos, 2015) e “remediar” o epistemicídio e o ecocídio em curso desde que os europeus aportaram no novo continente.
Reconhecemos que a universidade é uma instituição moderna de construção, validação e difusão de conhecimentos, ainda fortemente alicerçada em perspectivas eurocêntricas de educação e ciência. Neste contexto, reconhecemos a importância de empreitadas decoloniais e contracoloniais para que as pessoas detentoras de conhecimentos empíricos e contextualizados no chão dos seus territórios possam protagonizar conosco nas universidades, a construção de conhecimento transdisciplinar e pluri epistêmico sobre sustentabilidade (Caniglia et al., 2021; Lang et al., 2012).
Este relato de experiência apresenta a memória de nascimento e criação do Núcleo de Permacultura Sete Cascas 7, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e, suas contribuições dos paradigmas orientadores da agroecologia e da permacultura para o seu fortalecimento como espaço de construção, partilha e valorização de conhecimentos transdisciplinares e interculturais em favor da sustentabilidade da vida na Terra em sua plena diversidade.
Contexto
Itapetinga é a maior cidade do Território de Identidade Médio sudoeste da Bahia (TIMSB), que pertence à macrorregião semiárida do Nordeste do Brasil e abriga um dos três campi da UESB. O campus Juvino Oliveira nasceu em 1981 a partir da concessão de parte da fazenda deste senhor – um dos primeiros pecuaristas da região – para a realização das aulas de campo do primeiro curso deste campus da UESB: o Bacharelado em Zootecnia. Ao longo do tempo, a universidade expandiu a oferta de cursos para a formação superior em cinco bacharelados (Ciências Biológicas, Engenharia de Alimentos, Engenharia Ambiental, Química com Atribuições Tecnológicas e Zootecnia), quatro licenciaturas (Ciências Biológicas, Física, Pedagogia e Química), dois cursos de pós-graduação em nível de especialização (Meio Ambiente e Desenvolvimento; e Educação Infantil) um curso de mestrado (Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais) e dois programas de mestrado e/ou doutorado em Engenharia e Ciências de Alimentos e Zootecnia.
Em relação ao contexto de ocupação e uso do solo na região, é importante destacar que a pecuária bovina extensiva é umas das principais atividades produtivas, que se implantou na região no final do século XIX para a criação de rebanhos que abasteceram a capital Salvador e a capitania dos Ilhéus aquela época (Conceição, 2021). Tal processo levou à conversão local da pequena agricultura de subsistência para a pecuária extensiva que ocupa 79,4% pastagens (Mapbiomas, 2024)
, onde restam 19,6 % de remanescentes florestais – Floresta Atlântica Montana Semidecídua que perde parte das folhas no inverno/ estação seca – em uma importante região de encontro e transição entre os biomas floresta atlântica, cerrado e caatinga.
Este cenário de devastação socioambiental foi amplificado pelo modo de operação dos pecuaristas locais, que ainda utilizam técnicas predatórias de manejo dos solos, tais como o desmatamento, queimadas, uso indiscriminado de maquinário pesado e consumo de agrotóxicos (Callegaro, 2017). Tais agressões físicas aos sistemas naturais possivelmente contribuem negativamente para o agravamento do cenário de alto risco de desertificação ao qual está exposta a região (Dourado, 2017).
O histórico do contexto de ocupação regional também violentou povos originários das matrizes étnicas de povos Kamakãs – Mongoyós, Baenãs, Pataxó Hãhãhãe, Kiriri-Sapuyá 8, entre outras que foram perseguidos inicialmente por colonos e missionários católicos para o trabalho escravo na construção das primeiras estradas e fazendas e, posteriormente, por grileiros e posseiros em disputas de territórios (Conceição, 2021; Mayá & Tugny, 2021; Souza, 2019). Apesar de ser a universidade mais próxima da Terra Indígena Catarina-Caramuru Paraguaçu – TICCP (Entre os municípios de Itaju do Colônia e Pau-Brasil) – primeira a ser demarcada no estado da Bahia em 1926 – as aproximações entre a UESB e as comunidades indígenas no TIMSB ainda são tímidas. uso
Aqui, abrimos um parêntese para denunciar a gravidade do genocídio indígena em curso neste país, cada vez mais escandaloso. Que se expressa também em nossa região, no estado que mais registrou conflitos no campo em 2023 (CPT, 2024). Desde sua criação em 1926, a terra indígena supracitada é cenário de sucessivos ataques por parte dos ruralistas contra os indígenas. Em meados do século passado, os ataques violentos eram coordenados pela antiga UDR – União Democrática dos Ruralistas (Souza, 2019), agora repaginada por grandes latifundiários e lideranças do agronegócio brasileiro como Movimento Invasão Zero (Bataier & Indriunas, 2024). Essa milícia rural é articulada com as altas cúpulas da política brasileira e também com as forças repressivas do estado, e sua ação violenta em defesa da propriedade privada vêm espalhando terror em comunidades rurais Brasil afora. Em 21 de janeiro de 2024, na cidade de Potiraguá pertencente ao TIMSB, o grupo Invasão Zero executou uma tentativa de chacina deliberada contra uma retomada, em área limítrofe da terra indígena em questão. Tal ação criminosa culminou com a morte da Majé Nêga Pataxó – Maria de Fátima Muniz – gerando uma comoção nacional que faz coro às lutas dos movimentos indígenas pela defesa e demarcação dos seus territórios e a derrubada definitiva da tese do marco temporal e resolução de conflitos fundiários com povos originários brasil afora9.
A violência desumanizada que culminou na morte de Nêga, ocorreu durante a revisão deste texto, apenas 4 meses após termos recebido sua irmã, a professora Mayá – Maria Muniz Andrade Ribeiro – irmã de Nêga, – e outros membros de comunidades indígenas da região no seminário do projeto “Contando Africanidades: Saberes afro-indígenas invisibilizados no TIMSB”. No mês de setembro de 2023, estas pessoas nos presentearam na universidade com uma série de diálogos e oficinas para o público infantil primário, professores da rede básica de ensino e comunidade acadêmica, pautando temas históricos, políticos, educacionais, conhecimentos indígenas associados à saúde, bem-estar e espiritualidade. Diante disto, manifestamos aqui também nosso repúdio diante desta violência, e seguiremos honrando a memória dos que tombam na luta pela vida coletiva na Terra e nos territórios em detrimento da propriedade privada dos latifúndios capitalistas que vêm degradando os territórios brasileiros.
No TIMSB cabe destacar também a presença de diversas comunidades afrodiaspóricas nas zonas rurais, algumas já reconhecidas e outras em processo de reconhecimento como comunidades quilombolas pela Fundação Palmares. A exemplo do Quilombo do Tinga localizada no entorno da cidade de Maiquinique, a Comunidade Rua da Palha em Itororó, o Quilombo da Jussara em Caatiba, a Comunidade da Pedra em Itambé, a Lagoinha em Nova Canãa, entre outras, a partir de onde a UESB de Itapetinga está desenvolvendo nos últimos anos, também de maneira embrionária, cooperações institucionais no âmbito do ensino, pesquisa e extensão.
O contexto regional apresentado ilustra bem o processo histórico global de hostilidade e subjugamento da natureza, dos PCT’s e dos conhecimentos nativos existentes dentro da própria estrutura histórica da modernidade/colonialidade, que não respeitou os modos de vida locais, impondo às populações nativas e tradicionais suas concepções eurocêntricas de progresso e desenvolvimento, expulsando-os, substituindo e invisibilizando suas representações culturais locais (Mignolo & Walsh, 2018; Moreira, 2018; Souza, 2019).
No contexto da academia, relembrar, registrar e refletir sobre estes processos históricos junto aos diferentes atores locais é importante para pensarmos criticamente sobre nossos desafios éticos na promoção de justiça socioambiental. E na necessidade de integração destes agentes, suas matrizes étnicas e suas epistemologias na construção de conhecimento acadêmico de interesse social para a região. Isto é especialmente importante porque a sociedade civil organizada do TIMSB identifica a UESB como parceira importante para articular estratégias de desenvolvimento rural sustentável para a transição agroecológica da agricultura familiar, de assentados de reforma agrária, e de comunidades tradicionais da região (BAHIA, 2016).
A experiência
“Se a universidade se fechar em si e ficar preocupada com a crise e não quiser resolver a crise, ela vai entrar em crise total, e aí não vai responder aos dilemas da sociedade regional. […] Mas, se a universidade colocar para a sociedade os problemas que estão acontecendo e chamar a sociedade para dentro, e convocar a sociedade para ajudar a construir a universidade, eu tenho certeza que a universidade vai sair desse processo mais forte e mais robusta e com mais capacidade, e com mais integração da sociedade. […] [A universidade] tem que entender que tem uma sociedade que ela tem que estar a serviço, e a sociedade a serviço da universidade. […] se ela se fechar em si, ela pode morrer em si antes de nascer.”
Joelson Ferreira10
Por que agroecologias e permaculturas nas universidades?
Da diversidade de nações de Abya Yala emergem experiências inspiradoras sobre modos de vida e perspectivas de sustentabilidade, alinhadas ao pensamento sistêmico, aos potenciais da natureza, da criatividade cultural, do pensamento emancipatório e em éticas para renovar o sentido e a consciência sobre a vida (Leff, 2015; Svampa, 2020).
Agroecologia e permacultura são alguns destes caminhos, reconhecidos como ecologias aplicadas (McGranahan, 2014), e, por vezes, entendidas como sinônimos, visto que ambas são descritas como ciências, conjuntos de práticas e movimentos políticos (Altieri & Toledo, 2011; Leahy, 2021), que apresentam forte caráter sistêmico e adaptativo, alicerçado nos contextos locais para promover a autonomia e eficiência na gestão dos agroecossistemas com atenção especial para estabelecer relações éticas e justas entre as pessoas. Em função da complexidade que emerge da aplicação dessas ciências, em diferentes contextos socioambientais, alguns autores têm utilizado estes substantivos no plural – agroecologias e permaculturas – para representar a diversidade das vivências experimentadas por seus praticantes ao redor do mundo (Ferguson & Lovell, 2014; Hirschfeld & Van Acker, 2021; McGranahan, 2014).
Como ciência, precursores da agroecologia na academia a definiram como uma abordagem sistêmica que proporciona as bases científicas para apoiar o processo estratégico para a transição a estilos de agricultura sustentável (Altieri, Miguel, 2013) e têm os agroecossistemas como unidade fundamental de estudo, onde são adotadas estratégias ecológicas de organização e manejo capazes de evocar o equilíbrio dinâmico de sistemas socioecológicos e paisagens antropizadas. Tais práticas são baseadas no incremento da biodiversidade, fechamento de ciclos biogeoquímicos, conservação dos recursos naturais e no empoderamento local, regional e nacional de camponeses e organizações sociais (Altieri & Toledo, 2011).
Paralelamente, a permacultura começou a ser sistematizada em meados da década de 70 por acadêmicos e ambientalistas australianos, que posteriormente se desvincularam da academia e iniciaram um caminho autônomo para sua difusão por meio de iniciativas independentes em institutos de permacultura. O termo foi inicialmente pensado para definir uma metodologia transdisciplinar baseada em princípios éticos, ecológicos e saberes aborígenes para o planejamento consciente de paisagens e/ou assentamentos humanos rurais (Mollison & Holmgren, 1978). Ampliou-se para o planejamento de ambientes urbanos e comunitários e, no Brasil, atualmente, vem se consolidando como uma ciência holística de cunho socioambiental e transdisciplinar, cada vez mais requisitada por docentes e acadêmicos das mais diversas áreas do conhecimento (Maneschy et al., 2020; Nanni et al., 2018, 2019).
Atualmente, convergem diálogos acadêmicos em torno da consonância entre os princípios epistêmicos e objetivos da agroecologia e da permacultura, explicitando a necessidade de maior aproximação teórica entre elas (Maneschy et al., 2020). A permacultura – como ciência de planejamento – complementa a agroecologia ao ampliar seu escopo para além da organização social, a partir da integração da produção ecológica de alimentos, pois aborda, também, estratégias para construir, morar, gerar e armazenar energias e águas, evitar desastres e se integrar de maneira sistêmica com os demais seres humanos e não humanos que coabitam a natureza (Ferguson & Lovell, 2014; Nanni et al., 2018). Além de considerar também outras dimensões importantes no planejamento de projetos de vida, tais como a promoção da nossa saúde, educação e bem-estar físico e espiritual.
Diferente da agroecologia, que vem se projetando cada vez mais do ambiente acadêmico para a sociedade externa, em articulação com governos, academia e os movimentos sociais em Abya Yala (Altieri & Toledo, 2011; Svampa, 2020), a permacultura, ainda tem sua popularização limitada por um isolamento da ciência, que depende de grandes esforços para sensibilização e compreensão por parte dos atores envolvidos, para reconhecê-la como uma ciência capaz de contribuir para as emergentes demandas da sociedade (Ferguson & Lovell, 2014; Nanni et al., 2018).
Em diálogos com permacultores brasileiros também percebemos cada vez mais a necessidade de maior aproximação e partilhas entre permacultura e movimentos sociais, PCT e demais movimentos rurais e periféricos deste país, detentores de conhecimento ecológico local de grande relevância para construirmos uma permacultura protagonizada pelos atores locais tradicionalmente invisibilizados nos espaços de troca de conhecimento, formais e informais.
Nós, autoras, como educadoras, pesquisadoras e extensionistas reconhecemos que a permacultura e a agroecologia são paradigmas que emergem da sociedade com potencial para apoiar a construção de conhecimento transdisciplinar e contracolonial capaz de gerar sustentabilidade e justiça socioambiental em sistemas socioecológicos. Por isto, escolhemos estes paradigmas orientadores para conduzir nossos trabalhos, em especial no contexto do Núcleo de Permacultura Sete Cascas, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, que apresentaremos a seguir.
Germina o Sete Cascas
O Sete Cascas surgiu a partir da mobilização do Coletivo Raízes – grupo composto por estudantes dos cursos de Biologia e Zootecnia que com um servidor universitário iniciaram em 2015 a implantação um Sistema Agroflorestal (SAF) manejado coletivamente. Este sistema serviu de referência e inspiração para diálogos sobre os conceitos de Agroecologia e Permacultura no campus da UESB em Itapetinga. Com o passar do tempo, o grupo conseguiu êxito na articulação com algumas professoras do Departamento de Ciências Exatas e Naturais – DCEN, e em 2017 a professora Sandra Lúcia Cunha – responsável pelo Centro de Ensino, Pesquisa e Extensão Socioambiental (CEPESA), apresentou o desejo de disponibilizar um espaço físico, até então sob sua responsabilidade, para que o grupo materializasse ali as ideias e intervenções discutidas nas salas e corredores da UESB. Esta área utilizada pela professora Sandra para práticas de compostagem era inicialmente um pasto abandonado, que recebia entulhos e resíduos orgânicos do campus, misturados com resíduos plásticos, vidros e outros materiais diversos que ainda hoje são encontrados durante atividades de manejo e observações no solo.
Ao final do mesmo ano, a professora Sandra se reuniu com as colegas Talita Maderi e Priscila Figueiredo para discutir a participação docente no projeto. Em seguida, entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro de 2017 foi organizada por estudantes a I Semana de Biologia e Engenharia Ambiental (I BIOAMB) da UESB e, nesta oportunidade, aconteceram diversos minicursos, entre os quais os de Agricultura Sintrópica e Bioconstrução, que foram articulados por membros do Coletivo Raízes. Esta semana delimitou um marco importante para a materialização do trabalho deste grupo, pois foi implantado o primeiro Sistema Agroflorestal (SAF) da UESB com a construção, também, de uma espiral de ervas.
Em 17 de novembro de 2017 foi realizado um encontro para conferir identidade ao movimento que tomava corpo na universidade e no mesmo ano, o Sete Cascas foi oficialmente registrado como setor/núcleo de ensino, pesquisa e extensão, vinculado ao Departamento de Ciências Exatas e Naturais – DCEN, com espaço físico permanente na área do campo agropecuário do Campus da UESB de Itapetinga. A permacultura, pelo seu caráter agregador e multidisciplinar, foi escolhida inicialmente como eixo guarda-chuva para as ações e projetos, e a árvore nativa Sete Cascas – Samanea tubulosa (Benth.) Barneby & J.W.Grimesfoi – foi sugerida como símbolo para nomear o grupo que brotou desta articulação. Esta espécie é muito comum na região e representa a resistência da vida na paisagem rural, sobrevivendo ao desflorestamento, queimadas e pastoreio intensivo, ao mesmo tempo, em que serve de sombra, abrigo e alimento para o gado, fornecendo lenha e cascas para os humanos como fonte de energia e medicamento natural.
Crescimento coletivo e primeiras colheitas
Nos orgulhamos imensamente do histórico de surgimento do Sete Cascas dentro da universidade, especialmente em função do protagonismo discente nesta construção, marca registrada do nosso trabalho. Incentivamos e acreditamos na imensa capacidade de realização do trabalho coletivo, prezando pelo amor, empatia e colaboração entre todos; incentivando a autonomia e criticidade no processo de aprendizado e formação profissional de cada pessoa que se soma ao nosso grupo. Sendo assim, no Sete Cascas cada pessoa contribui conforme suas possibilidades, assumindo responsabilidades e funções de acordo com aquilo que mais se identifica.
Nos organizamos a partir da realização de reuniões periódicas com frequência mensal preestabelecida e atas de registro, onde são tomadas decisões coletivas, conforme as demandas de trabalho. A coordenação deve ser renovada a cada ano, sendo prorrogável no máximo por 2 anos, e todas as pessoas e grupos de fora ou de dentro da universidade podem participar do Sete Cascas de diversas formas. Para organizar melhor a atuação coletiva criamos dois cadernos de orientações11, que detalham informações sobre histórico do grupo, categorias de membros, possibilidades de atuação, memórias de atividades realizadas pelo grupo, entre outras informações, que são atualizadas periodicamente e disponibilizadas aos novos membros.
O Sete Cascas chegou a ter 51 participantes cadastrados no ano de 2019, entre professores, discentes e membros externos da comunidade acadêmica. Atualmente contamos com 6 professores vinculados diretamente em projetos, um técnico de campo, duas estagiárias administrativas e discentes voluntários/bolsistas em número flutuante. Ao longo dos 6 anos de nossa atuação, já atingimos centenas de pessoas de maneira direta e indireta por meio das atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Com relação às atividades de ensino, professores das graduações em zootecnia, biologia, engenharia ambiental e pedagogia utilizam o espaço para ministrar aulas práticas e atividades de disciplinas como: Ecologia (de populações, comunidades e ecossistemas); Educação ambiental; Educação do/no Campo; Estudos dos Ecossistemas e a Educação; Ecologia e Conservação dos Recursos Naturais; Amostragem e Avaliação da Oferta de Recursos para a Fauna em Florestas Tropicais; Topografia; Manejo e Conservação dos solos; Desenvolvimento Sustentável e Agricultura Familiar; Etnobiologia; Planejamento Ambiental de Sistemas Agropecuários; Sistema de Gestão Ambiental; Introdução à Engenharia Ambiental; Gerenciamento de Resíduos; Microbiologia; Microbiologia Ambiental; Biologia de Protistas e Fungos; entre outras.
Os primeiros eventos extensionistas que realizamos foram: I Mostra Técnico-científica do Sete Cascas (2018), I SARAU LUAU (2019), I Encontro sobre Permacultura e Agroecologia (EPA) (2019) ; Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária – Parceria com o Grupo de estudos em Educação do/no Campo (GEPEC) (2019 e 2022); I Pré-Jornada de Agroecologia do Médio Sudoeste – em parceria com a Teia dos Povos12 e Centro Territorial de Educação Profissional – CETEP (2019 – Figura 1 ). Os principais temas trabalhados nas oficinas e cursos organizados até o momento foram:Agricultura Sintrópica; Boas práticas de fabricação de polpas e temperos; Cosméticos Naturais; Bioconstrução; Planejamento e Manejo de Sistemas Agroflorestais; Produção Agroecológica de Alimentos (Figura 1); Compostagem; Plantas medicinais, e Introdução à Permacultura, Saberes e sabores da roça (Participação de lideranças comunitárias do Quilombo de Thiagos) e Cultivo de Cogumelos Comestíveis a partir de resíduos orgânicos. Outros temas de cunho mais político e social foram trabalhados por meio de rodas de conversas, como: “Mulheres de Cura e Luta: Desafios da Luta Feminista Interseccional e da Valorização da Sabedoria Natural” (2019); e “Mulheres, comunidades, agropecuária e sustentabilidade (2019) realizados no I EPA e na 49ª Exposição Agropecuária de Itapetinga com a participação de professoras e mulheres lideranças comunitárias.

Figura 1: À esquerda oficina de plantio agroecológico realizada no pré-assentamento Roseli Nunes em Itambé-BA. E à direita um dia de manejo do projeto SeAflor no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães – rede pública estadual. Fonte: Arquivo Sete Cascas.
As atividades de extensão mais frequentes nestes primeiros anos envolveram a recepção de grupos da comunidade: alunos do ensino fundamental, médio e técnico (Figura 1), grupos de agricultores e gestores públicos; mutirões de manejo; supervisão de estagiários/as; e realização de projetos. Os projetos e programas de extensão realizados/ou em andamento até o momento são: Projeto Semeando Agroflorestas SeAFlor (2018, 2019, 2022) em parceria com escolas da região (Figura 2); Farmácia Viva (2018), Comunidade e Sustentabilidade (2018); Manejo Ecológico de Resíduos Orgânicos (2018) em parceria com Associação de Horticultores de Itapetinga, Yoga para Mulheres (2018), Programa de Consolidação do Sete Cascas – UESB (2019 e 2022 e 2024), I Roda de Conversa sobre Restauração Ecológica de Povos e Ambientes no TIMSB (2023) e Produção de mudas de espécies nativas com vistas à restauração ecológica de áreas degradadas em Itapetinga–BA (2023).
Com relação à interface entre ensino, pesquisa e extensão, foram desenvolvidos trabalhos de conclusão de curso sobre os seguintes temas: “Agricultura familiar, compostagem e educação ambiental em uma associação de horticultores” (Barbosa, 2018), “Produção de cogumelos a partir do aproveitamento de resíduos orgânicos” (Ribeiro, 2021), “Uso de plantas medicinais no contexto escolar” (Lima, 2019), “Transição agroecológica na produção animal” (Pires, 2022) ; “Recuperação de áreas degradadas através de SAF” (Falcão, 2022), “Consumo de agrotóxicos e riscos de contaminação da água na cidade de Itapetinga – BA” (Pires, 2022) e “Núcleo de permacultura Sete Cascas como espaço de ensino não-formal e educação ambiental” (Farias, 2023).
Com relação aos projetos de pesquisa institucionais, seguem listados os projetos parceiros vinculados a editais internos que tiveram/têm o apoio direto ou indireto do Sete Cascas, são eles: “Compostagem em Pedra Branca” (coord. Dra. Sônia Teodoro); “Avaliação de Inseticidas botânicos sobre Aedes aegypti (díptera: culicidade) sob condições de laboratório” (coord. Dra. Débora Cardoso); e “Viveiro de mudas de espécies nativas: possibilidades para a restauração florestal na região de Itapetinga-BA” (coord. Dra. Patrícia Cara).

Figura 2: À esquerda oficina de plantio agroecológico realizada no pré-assentamento Roseli Nunes em Itambé-BA. E à direita um dia de manejo do projeto SeAflor no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães – rede pública estadual. Fonte: Arquivo Sete Cascas.
Entre 2020 e 2023 algumas ações extensionistas foram suspensas devido à pandemia de COVID-19 e com o afastamento de três docentes para doutoramento – neste período -, também houve um maior investimento de algumas de nós participantes do grupo no desenvolvimento de pesquisas acadêmicas sobre os temas: “Resíduos de agrotóxicos em alimentos” (por Talita Maderi – PPG em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA UESC – Ilhéus); “Mulheres e as plantas medicinais: memória e etnobotânica em uma comunidade quilombola da Bahia” (por Priscila Figueiredo – PPG em Memória, Linguagem e Sociedade – UESB – Vitória da Conquista); “Cosmopolítica para a autonomia nas ruínas do capitalismo: O projeto contra-colonial da Teia dos Povos para sustentar a vida na T(t)erra e nos territórios (por Letícia Fernandes – PPG do Centro de Desenvolvimento Sustentável – UnB – Brasília). Cabe aqui destacar também a pesquisa de mestrado em andamento de um dos nossos discentes egressos: “Transição agroecológica no município de Itapetinga: alternativa à soberania da agricultura familiar” (por Diego Macêdo – PPG Ciências Ambientais da UESB Itapetinga).
As temáticas trabalhadas nas atividades de ensino, pesquisa e extensão se desdobraram como assuntos de interesse individual e coletivo, a partir de reflexões e diálogos realizados com participantes do Sete Cascas e atores sociais, com os quais interagimos dentro e fora da universidade. Com o amadurecimento do grupo, estas e outras ações vêm sendo construídas em intercâmbio cada vez mais próximo com a sociedade regional, nas escolas de ensino fundamental, escolas técnicas, associações de agricultores e agricultoras, junto a pequenos agricultores, comunidades tradicionais, assentados de reforma agrária, povos indígenas, movimentos sociais e coletivos organizados. Parcerias essas, essenciais para que nosso trabalho seja cada vez mais alinhado com as expectativas locais e coletivas, para a promoção da sustentabilidade com justiça socioambiental.
Em um contexto mais amplo, o Sete Cascas dialoga e se articula com outras instituições públicas de ensino, através da Rede Brasileira de Núcleos e Estudos em Permacultura – Rede NEPerma Brasil – para fomentar e executar ações para a popularização da permacultura13. No nordeste, iniciativas a partir da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e da Universidade Federal do Cariri (UFCA) merecem destaque por serem pioneiras, popularizando a permacultura em articulação PCT do semiárido (Borralho, 2017; Pereira et al., 2015).
O caminho integrativo que vem sendo trilhado por estes e outros grupos no Brasil, nos inspira a seguir neste caminho, onde o saber popular se encontra com o saber acadêmico, para construir pontes em direção a construção de conhecimento sobre sustentabilidade que faça sentido localmente. A aproximação entre o Sete Cascas com outros grupos de permacultura, agroecologia, sociedade civil organizada, pequenos produtores rurais, atores e movimentos sociais, vêm acontecendo de maneira gradual, e as perspectivas são de cooperação cada vez mais orgânica e integrada junto às famílias, comunidades e contextos locais. Nesta articulação, desejamos apoiar o protagonismo socioambiental destes agentes e reconhecemos que temos muito a aprender com suas experiências (essa é a essência da permacultura e da agroecologia).
Redesenhando paisagens e imaginários
Ocupamos um espaço físico que era depósito de resíduos orgânicos da universidade e fizemos um redesenho desta pequena paisagem, que começou a partir de aulas de compostagem da disciplina de ecologia e conservação dos recursos naturais para a zootecnia e do cultivo de hortaliças realizados pelos técnicos de campo. A partir destas primeiras sementes seguimos aprendendo sobre relações ecológicas e éticas, planejamento e manejo de territórios sustentáveis, e cultivamos amizades em um jardim sociobiodiverso do qual nos orgulhamos. Acreditamos que o trabalho coletivo que vem sendo realizado, contribuiu para a construção de pontes de conhecimento entre a comunidade local e a universidade, e uma maior participação de atores sociais de PCT e pequenos agricultores e agricultoras nas construções e partilhas acadêmicas que realizamos até agora.
Observamos as interações positivas que estabelecemos na paisagem e também nas comunidades acadêmica e local, que reconhecem cada vez mais o Sete Cascas como referência regional e solo fértil para cultivarmos um ambiente acadêmico diverso e criativo. Isso promove o livre pensar sobre a complexidade da vida e da educação para a sustentabilidade em confluência diversidade biológica e cultural que desejamos ver prosperar em nossos territórios. Reconhecemos o poder da diversidade, das presenças de outros corpos-territórios na universidade e o valor dos intercâmbios que reverberam em poderosas provocações a partir das escutas ativas. Com Rose Mary14 e sua família no Quilombo de Thiagos aprendemos sobre plantas medicinais e alimentos tradicionais, luta pela terra e redesenho de paisagens com a trajetória de Mestre Joelson da Teia dos Povos e, sobre história, cultura, educação e espiritualidade com Mestra Mayá, entre outras mestras e mestres importantes que cruzaram nossos caminhos na universidade.
Agradecemos a todas as pessoas que nos inspiram, que partilham e cultivam seus mundos conosco nesta Terra Viva onde coabitamos, a qual também reconhecemos como a Mãe! Desejamos que vocês que nos leem agora sigam motivadas, trabalhando coletivamente – a partir de onde estiverem – em favor da Vida sagrada em sua plenitude e diversidade. Acreditamos que teremos êxito na empreitada, especialmente se optarmos por “parar de nos desenvolver – na perspectiva capitalista – e começarmos a.e começarmos a nos envolver” na fruição da vida (Krenak, 2020, p. 32,).
“Temos os cânticos de pedir força. Pedir a direção do Sol, da Lua, da Estrela. Porque, quando saímos de casa, precisamos de direção, precisamos de consciência, precisamos estar conectados com as forças dos astros.”
Mestra Mayá (2022)
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Contribuições
Letícia organizou a proposta inicial e redação do texto. Patrícia, Talita e Priscila revisaram o texto e levantaram informações sobre atividades de ensino, pesquisa e extensão.
1 – Sete Cascas – Núcleo de Permacultura – Departamento de Ciências Exatas e Naturais / DCEN Universidade Estadual do Sudeste da Bahia – UESB – Itapetinga – BA- Brasil.
2 Centro de Desenvolvimento Sustentável – CDS – Universidade de Brasília – UnB – Brasília – DF – Brasil. email: leticia.fernandes@uesb.edu.br
3 – Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) – Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC – Ilhéus -BA – Brasil.
4 – Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade – UESB – Vitória da Conquista – BA – Brasil.
5 – Segundo (Porto-Gonçalves, 2009) o termo tem origem a partir do povo Kuna (originário do Panamá e da Colômbia), significa “Terra madura, Terra Viva ou Terra em florescimento” (p. 26). Adotado por diferentes pessoas e movimentos sociais para reafirmar a identidade originária e diversa do continente conhecido pelo mundo ocidental como América – nome dado em homenagem ao navegador mercenário Américo Vespúcio -. Por uma escolha conceitual, neste texto Abya Yala é sinônimo de América e terra quando citada com “T” maiúsculo é apresentada na perspectiva de entidade sistêmica planetária.
6 – Povos e Comunidades Tradicionais (PCT) são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. (Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais., 2007).
7 – Maiores informações em https://www2.uesb.br/programa/setecascas/ e @setecascas.uesb (Perfil na rede social Instagram).
8 – A história de retomada da TICCP é apresentada por Mayá em seu livro: A Escola da Reconquista (Mayá, 2021), onde é possível conhecer um relato auto-etnográfico histórico e espiritual poderoso sobre a retomada de 396 latifúndios grilados na TI.
9 – O crime foi noticiado em muitas plataformas, seguem algumas informações e análises do caso em um contexto mais amplo https://reporterbrasil.org.br/2024/02/cacau-e-odio-aos-indigenas-invasao-zero/
10 – Trecho de uma entrevista de Mestre Joelson Ferreira – camponês agroecológico e liderança histórica do MST, um dos fundadores e conselheiro da articulação Teia dos Povos – apresentando sua reflexão sobre a relação entre sociedade e universidade diante da crise que vivenciamos atualmente. O contexto da fala foi durante a criação da Universidade Federal do Sul da Bahia. (citado por Pimentel & Menezes (2022).
11 – Para acesso aos cadernos e outras informações, veja o nosso site em http://www2.uesb.br/programa/setecascas/
12 – A “Teia dos Povos é uma articulação de comunidades, territórios autogeridos, movimentos sociais e apoiadores; que foi fundada na primeira Jornada de Agroecologia da Bahia (no ano de 2012) (Fernandes, 2024). P ara mais informações sobre essa articulação de povos e comunidades veja https://teiadospovos.org/ nas redes sociais e também: Ferreira & Felício, (2021).
13 – Maiores informações sobre a Rede NEPerma Brasil, outros núcleos e trabalhos desenvolvidos estão disponíveis em https://redepermacultura.ufsc.br/bem-vindo/