Cultivar agroecologias e permaculturas na universidade: colher reflexões sobre sustentabilidade e contra- colonialidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.14751285

Palavras-chave:

Ensino, pesquisa, extensão, colonização, transição ecológica

Resumo

A agroecologia e a permacultura são reconhecidas como ciências sistêmicas, conjuntos de técnicas e movimentos socioambientais convergentes. Ambas - fundamentadas em epistemologias científicas modernas e também afro-indígenas e populares - que se propõem a promover maior autonomia e sustentabilidade aos locais e comunidades organizadas segundo seus princípios. A partir do relato de experiência sobre a germinação e desenvolvimento do Núcleo de Permacultura Sete Cascas, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, refletimos sobre o papel destas ciências como pontes na construção de conhecimentos plurais e contra-coloniais sobre sustentabilidade no âmbito do ensino, pesquisa e extensão universitária.

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Biografia do Autor

Letícia Magalhães Fernandes, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Sou bióloga, permacultora, e professora do Departamento de Ciências Exatas e Naturais (DCEN) - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) - Campus de Itapetinga. Desde 2007 realizo pesquisas no âmbito da ecologia aplicada -  inicialmente à conservação de ambientes marinhos -  e desde 2017 venho atuando no ensino, pesquisa e extensão sobre microbiologia, agroecologia e permacultura para a sustentabilidade em pequenas escalas, através do vínculo de colaboração no Sete Cascas - Núcleo de Permacultura da UESB. Atuo em colaboração nacional com a Rede Brasileira de Núcleos e Estudos em Permacultura (Rede NEPerma Brasil),  e sou apoiadora da articulação Teia dos Povos. 

Entre 2021 e 2025 estou afastada da docência para realizar doutoramento no Centro de Desenvolvimento Sustentável - CDS da Universidade de Brasília - UnB, onde pesquiso sustentabilidade a partir da valorização do conhecimento local e tradicional em diálogo com o conhecimento acadêmico. Meus objetivos profissionais são: intermediar a formação profissional humanizada, autônoma e crítica; experimentar, produzir e difundir conhecimento ecológico aplicado à sustentabilidade da agricultura familiar e de povos e comunidades tradicionais em seus territórios.

Patrícia Araújo de Abreu Cara, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Professora Titular da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), tendo ingressado na Instituição em Maio/2010, atuando nas áreas de Ecologia, Conservação dos Recursos Naturais e Restauração de Ecossistemas degradados. Foi bolsista de Desenvolvimento Científico Regional - DCR/CNPq-FUNDECT (2007-2010), vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da UFMS. Possui graduação (Licenciatura e Bacharelado) em Ciências Biológicas (1999) e mestrado em Ecologia e Conservação (2002) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). Tem experiência em Ecologia de Comunidades, com ênfase em comunidade arbórea na floresta Atlântica nordestina. Atua principalmente nos seguintes temas: fragmentação florestal, conservação, fenologia e interação planta-animal, mais especificamente polinização e dispersão de sementes.

Talita Ruas Maderi, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Possui graduação em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (2012) e mestrado em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (2014). Atualmente é professora assistente da UESB e cursa doutorado em desenvolvimento e meio ambiente na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, onde desenvolve pesquisa sobre resíduos de agrotóxicos em alimentos. Tem trabalhado principalmente nos seguintes temas: desenho técnico e CAD, bioconstrução,segurança alimentar, alimentação e meio ambiente e resíduos de agrotóxicos em alimentos. (Texto informado pelo autor)

Priscila Silva de Figueiredo, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Possuo graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas pela UESB, mestrado em Ensino, Filosofia e História das Ciências - UFBA/UEFS e doutorado em Memória: Linguagem e Sociedade (UESB) na linha de Memória, Feminismo e Gênero. Atuei como professora da educação básica e desde 2013 sou professora da UESB, campus Itapetinga, em disciplinas de formação pedagógica da Licenciatura em Ciências Biológicas e nas disciplinas de Ciência e Ética e Etnobiologia no Bacharelado. Minha atuação profissional e pessoal tem se dado muito na área da extensão universitária e no movimento social, em especial no movimento feminista interseccional e na agroecologia. Desde 2017, componho o Núcleo de Permacultura Sete Cascas que desenvolve atividades no âmbito da produção de alimentos saudáveis, plantas medicinais, da valorização da cultura regional, da educação ambiental, de tecnologias sustentáveis, dentre outras atividades que visam conceber uma forma de existência humana mais equilibrada. Também sou mãe do Cícero e da Céu, que me motivam e me inspiram sobre todas as coisas. 

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Publicado

17.10.2024

Como Citar

Fernandes, L. M., Araújo de Abreu Cara, P., Ruas Maderi, T., & Silva de Figueiredo, P. (2024). Cultivar agroecologias e permaculturas na universidade: colher reflexões sobre sustentabilidade e contra- colonialidade. Perma, 2(1), e21202403. https://doi.org/10.5281/zenodo.14751285