Planejamento para eventos extremos

Importância

Em um mundo que passa por fortes mudanças ambientais, os eventos extremos de dissipação de energia na natureza estão cada vez mais frequentes. Nesse cenário, passar informações aos participantes se torna cada vez mais importante, visto que muitos deles procurarão terras não ocupadas e muitas vezes degradadas para se estabelecer e viver.

Objetivos

Apresentar os eventos extremos e suas formas de manifestação, intensidades, locais mais comuns de ocorrência e propor estratégias e ações de planejamento que possam prevenir incidentes e aumentar a resiliência humana frente a catástrofes.

Conteúdo mínimo

É preciso classificar os eventos extremos, desde os menos nocivos até os mais desastrosos para o conhecimento do máximo de possibilidades e a nossa permanência em um determinado assentamento humano.

Consideram-se os eventos menos nocivos aqueles que podem ser contornados com estratégias de resiliência e mais nocivos ou desastrosos os que demandam reparações no ambiente planejado.

Dica: É importante lembrar que como espécie migratória, a humanidade viveria em plena harmonia com eventos extremos, pois jamais precisaria estar presa a uma única paisagem, podendo assim, migrar atrás de recursos necessários à sua sobrevivência. Porém, esse cenário migratório é impossível dentro da realidade de capacidade de suporte planetária ultrapassada e na vigência do direito de propriedade impetrado pela nossa civilização “moderna”.

Metodologia

Uso de aula interativa, expositiva e participativa para aflorar as opiniões do grande grupo acerca dos eventos extremos.

A aula interativa compreende dois momentos separados por uma breve exposição conceitual. A primeira interação é dedicada ao reconhecimento dos eventos extremos, para saber como lidar com eles. Nela o instrutor deve mediar as opiniões e também conduzir o grupo ao objetivo principal. Logo após, há um tempo para que o instrutor possa repassar alguns conceitos-chave sobre eventos extremos. Após isso, é sugerida uma segunda interação em que os alunos são separados em grupos para discussão dos fenômenos associados a cada elemento natural.

Primeira interação

2 horas

Separe os participantes em grupos que representam os elementos naturais – água, fogo, ar e terra. É aconselhável usar os mesmos grupos preestabelecidos que irão seguir unidos até o projeto final de planejamento.

Após isso, solicite que cada grupo liste os eventos extremos vinculados ao seu elemento natural. Assim, o grupo “água” listará os eventos que julguem vinculados à água e assim por diante. Para isso serão necessários cerca de 15 minutos de discussão em grupo.

Após esse momento, o instrutor cria um gráfico com dois eixos ortogonais e nomeia os eixos de acordo com cada elemento natural, opondo ar à terra e fogo à água. Se desejar, o instrutor pode ainda inserir uma escala de 1 a 5 ou de 1 a 10 para cada um dos lados dos eixos, buscando dar visibilidade às diferentes intensidades dos eventos extremos que virão no próximo passo.

Momento da primeira interação mediada pelo instrutor. Foto: Marcelo Venturi.

A seguir, o instrutor irá preencher o gráfico com os eventos extremos listados por cada grupo, inserindo-os de acordo com a intensidade de cada evento, ao longo do eixo correspondente ao elemento natural (essa inserção também pode ser feita por algum participante de cada grupo). Segue-se o processo com os demais grupos, buscando mostrar haver eventos promovidos por mais de um elemento natural (por exemplo, a erupção vulcânica) que podem ficar localizados entre os respectivos eixos (entre terra e fogo neste caso).

Construa o gráfico respeitando a disposição dos elementos naturais antagônicos. Assim, posicione o ar em oposição à terra e a água em oposição ao fogo.  Por questões didáticas é interessante posicionar no eixo vertical os elementos conforme vemos na natureza. Dessa forma, temos duas opções de posicionamento: o fogo, que tende a subir, em cima e a água, que tende a descer, embaixo ou o ar em cima e à terra embaixo.

A disposição didática mais adequada, conforme a figura a seguir, coloca no eixo vertical à terra embaixo, o ar em cima e, no eixo horizontal, a água e o fogo. Isso se deve em virtude do que compreendemos em termos de visão, pois vemos sempre à terra como base para tudo, o ar sempre acima e as manifestações vinculadas à água e ao fogo sempre ocorrendo junto à superfície da terra.

Elementos naturais e eventos extremos associados distribuídos pelo grupo de participantes no gráfico.

Após todos os elementos inseridos no gráfico, consulte todos os participantes a respeito dos eventos extremos que são passíveis de serem prevenidos através do planejamento. Com a opinião geral, trace uma linha que envolva esses eventos. Como resultado, teremos uma linha que irá separar os eventos preveníveis dos mitigáveis.

Delimitação, baseada no entendimento dos participantes, a respeito dos eventos extremos preveníveis e mitigáveis.

O gráfico parece completo, mas não está. É necessário inserir o fator antrópico, ou seja, da espécie humana desconectada da natureza. Em conjunto com todos os participantes, solicite que indiquem alguns eventos extremos causados pela ação humana e elenque-os de acordo com a intensidade, assim como foi feito com aqueles vinculados aos demais elementos naturais.

A sugestão de representação no gráfico é inserir um imaginário eixo “z”, que representa esse fator antrópico, e tentar identificar como esses eventos extremos de cunho antrópico influenciam nos demais. A resultante será uma espiral que permeia todos os elementos e tem a potencialidade de incrementar ou reduzir seus efeitos. Siga na discussão sobre como serão essas mudanças.

Elenco de eventos extremos vinculados ao fator antrópico e sua inserção no gráfico. Foto: Arthur Nanni.

Exposição

30 min

Uma vez incorporados os eventos extremos, sua vinculação com cada elemento natural, ranqueadas as suas intensidades e separados os eventos preveníveis dos remediáveis, é importante explicar os conceitos de desastre, vulnerabilidade, risco, adaptabilidade e resiliência:

  • Desastre – evento de causa natural, comportamental, antrópica e/ou tecnológica que afeta a normalidade do funcionamento dos ecossistemas e das sociedades que dele dependem.
  • Vulnerabilidade – é a situação que indica um estado de fraqueza, insegurança ou instabilidade que pode se referir tanto ao comportamento das pessoas, a objetos, condições, ideias e outros.
  • Risco – é quando, uma vez vulnerável a uma determinada situação, há a possibilidade de haver danos e prejuízos à sociedade, afetando a economia e os ecossistemas.
  • Resiliência – É a capacidade de algo retornar ao seu equilíbrio dinâmico e se manter íntegro para perfazer suas funções.
  • Adaptabilidade – É a capacidade que algo ou alguém possui em relação a sua adaptação a condições impostas.

Segunda interação

60 min

Após compartilhado esse conhecimento, chegou a hora de aplicá-lo ao planejamento. Assim, solicite que os grupos se separem novamente e estabeleça as seguintes atividades:

  • Pensar/discutir a respeito de métodos/formas de prevenir e remediar os eventos extremos vinculados ao seu elemento natural (20 min).
  • Elencar cada evento e as técnicas encontradas em uma breve apresentação (10 min).
  • Apresentar ao grande grupo os resultados (30 min).
Um dia ensolarado com grupos de pessoas sentados na grama discutindo sobre eventos extremos.

Grupos separados pelos elementos naturais discutindo sobre técnicas de planejamento para eventos extremos. Foto: Marcelo Venturi.

Dica: A apresentação irá suscitar discussões que estimularão os feedbacks coletivos. Aproveite a discussão para aprofundar o conhecimento.

Atividade no EaD

Conteúdo Complementar

Vídeos

Leitura

Aula

Referências sugeridas

Morrow, R. (2014). Earth User’s Guide to Teaching Permaculture. Permanent Publications.

Vũ, H. L. (2018). Permaculture solutions for climate change, case study in da Bac district, Hoa Binh province.  https://www.academia.edu/37563430/PERMACULTURE_SOLUTIONS_FOR_CLIMATE_CHANGE_CASE_STUDY_IN_DA_BAC_DISTRICT_HOA_BINH_PROVINCE

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Ecologia cultivada


Importância

Desde o terceiro princípio de planejamento “Obtenha rendimento”, que nos ensina que “saco vazio não para em pé”, passando pelos demais princípios até os cultivos rentáveis ou não, tão pretensiosos como os da Zona 4, precisamos comer para viver, plantar e criar para comer, construir, nos aquecer, nos tratar e nos vestir.

Objetivo

Conhecer uma grande quantidade de técnicas de produção primária de alimentos, remédios, fibras e estruturas derivadas de plantas, fungos e animais, feitas e usadas de forma ecológica pelos povos tradicionais e por permacultores. Associar essas técnicas aos diferentes contextos em relação à cultura, paisagem, clima e relevo.

Conteúdo mínimo

Técnicas sustentáveis de produção de alimentos que se conformarão como elementos na paisagem, como, por exemplo:

  • Zona 1 – Horta (mandala, espiral e em nível), compostagem, minhocário, palhada e serrapilheira (mulch), treliças e trepadeiras, pequenos animais (coelhos, chinchilas, codornas), fungos alimentares e cogumelos em cultivo indoor, plantas alimentícias não convencionais (PANC), plantas medicinais e da biodiversidade, espécies frutíferas de uso corriqueiro, círculos de bananeiras, telhados verdes.
  • Zona 2 – Pomar familiar; aves (patos, gansos e galinhas), meliponicultura (abelhas nativas sem ferrão) e cultivos aquáticos (aquaponia e microtanques).
  • Zona 3 – Sistemas agrossilvipastoris (SAF) intensivos, manejo de plantas e criação de animais silvestres, pastoreio racional Voisin (PRV) ou rotativo, apicultura racional, cogumelos em toras e em serrapilheira, pomares em grande escala, cultivos anuais e lavouras (em plantio direto). Cultivos aquáticos (chinampas, rizipiscicultura).
  • Zona 4 – SAF com policultivos multiestratos (árvores, palmeiras, arbustos, ervas etc.) para serrapilheira, lenha, resinas, frutos, fibras, brotos e palmitos etc. Apicultura. Cultivos aquáticos: lagoas, rios, estuários, fazendas marinhas.
  • Zona 5 – Extrativismo eventual de matrizes (sementes, mudas e serrapilheira), inspiração em florestas permanentes, recuperação de áreas degradadas e o conceito de “Não sabe o que fazer: não faça nada”. Proteção de nascentes.

Quais desses elementos podem servir para fazer conexões entre diferentes zonas?

Relação entre esses conteúdos aos diferentes contextos e realidades, como, por exemplo, às condições – climáticas e de paisagem típicas – de cada bioma brasileiro (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Floresta Atlântica quente e fria, Pampa) e global (desertos, regiões polares, tundra, montanhas etc.), e em relação à leitura da paisagem, aos diferentes climas e relevos.

Metodologia

O conteúdo de “Ecologia cultivada” pode ser trabalhado exaustivamente ao longo do CPP, conectando a temática a outras e fortalecendo o pensamento sistêmico. No CPP da UFSC, trabalhamos a temática em pelo menos dois e em até seis períodos de quatro horas/aula cada, envolvendo até seis instrutores, ocorrendo, em geral, nesta ordem:

  1. Uma visita à Fazenda Experimental da UFSC, onde os estudantes têm uma introdução e veem aplicadas algumas técnicas como sistemas agroflorestais (SAF), sistema de pastoreio racional Voisin (PRV) aplicado a ovinos e bovinos, criação de aves em sistemas semi-intensivos com piquetes, trator de galinha e horta mandala com túnel para floresta, bambus e seus manejos, além de conhecer lavouras convencionais para comparações.
  2. Aula teórica na qual são apresentadas e expostas todas as demais técnicas listadas nos conteúdos. Em seguida, os alunos são separados em grupos com o objetivo de que cada grupo desenvolva e apresente um trabalho sobre um planejamento de cultivos e criações considerando os contextos em cada bioma brasileiro (essa tarefa é solicitada na aula anterior).
  3. Aula sobre consciência alimentar e plantas da biodiversidade ou plantas alimentícias não convencionais (PANC). Nessa aula é possível desenvolver algumas práticas, desde o reconhecimento de plantas até a construção de canteiros.
  4. Aula sobre a história das plantas bioativas ou medicinais e seus usos em diferentes povos e culturas, com uma visita ao Horto Didático de Plantas Medicinais do Hospital Universitário, onde é possível desenvolver alguma prática.
  5. Uma visita técnica com duração de um dia ou dois períodos a uma família de permacultores, que vive de sua produção orgânica. Na UFSC geralmente visitamos a Estação de Permacultura Moinhos de Luz em Rio Furtuna/SC e o Sítio da Família Silva, no município de Anitápolis/SC, onde são apresentados os zoneamentos energéticos das propriedades e todas as técnicas de cultivo e de criação dentro de seu contexto. Nessas visitas sempre são desenvolvidas atividades práticas de aprendizado e socialização da turma.
  6. Uma visita a uma família ou ecovila com perfil neorrural. No entorno de Florianópolis existem muitas experiências como essas. Essa visita é extremamente importante para públicos urbanos, pois permite mostrar pessoas que migraram da cidade para o campo motivadas pela permacultura.

Exposição

2 horas

No caso da visita à fazenda da UFSC, na chegada, os estudantes são organizados em grupos, que podem ser os mesmos dos projetos finais ou outros menores, de forma que cada grupo receba um contexto completamente distinto para realizar um planejamento de produção de alimentos (ver tarefa a seguir).

Após a visita à fazenda ou a algum outro local onde várias técnicas foram apresentadas, são expostos de forma simples e teórica os demais conteúdos que não foram vistos em campo. Isso é necessário para que os participantes possam buscar mais informações e detalhes a respeito dessas outras técnicas.

Cada grupo recebe uma lista de todas as técnicas sustentáveis de produção de alimentos, conforme aquelas apresentadas anteriormente para cada zona energética.

A ideia de receberem essa lista previamente, com um trabalho para desenvolverem para a aula seguinte, é fazê-los conhecer previamente as técnicas por conta própria, pois terão que buscá-las para utilizarem em seus projetos, como será detalhado a seguir (na tarefa).

Então, para finalizar, cada grupo recebe uma folha com uma descrição de uma propriedade típica de um bioma diferente. Essa propriedade deve ser planejada como tarefa para a aula seguinte, ao final da exposição das diferentes técnicas de produção de alimentos.

Diferentes técnicas de produção de alimentos

3 horas

Uma aula expositiva, após a visita, inicia com uma provocação breve e segue com exposição de slides. No momento de provocação inicial, solicita-se um exercício em duplas (10 minutos) em que cada grupo deve:

  1. listar os produtos que consome (alimentos, vestuário, moradia, mobiliário, utilitário, decoração) que sejam provenientes de cultivos e criações;
  2. pensar em funções, necessidades e características de cada produto (não precisam escrever para não tomar muito tempo);
  3. classificar em zonas energéticas e fazer as conexões entre elas.

Em seguida são brevemente apresentados alguns conceitos de ancoragem à ecologia cultivada que já foram vistos nos conteúdos anteriores, a saber (15 min):

  • Ecossistema;
  • Agroecossistema;
  • Sucessão ecológica;
  • Ciclos dos nutrientes: ex.: fixação de nitrogênio e leguminosas, ciclo do carbono e decomposição etc.;
  • Ciclo da água;
  • Ciclo lunar;
  • Formação dos solos;
  • Relação entre espécies, relações ecológicas, alelopatia;
  • Desconstrução de conceitos, ex.: pragas e doenças;
  • Trofobiose;
  • Alopatia e homeopatia; e
  • Antibiótico e probiótico.

Em seguida inicia-se a apresentação (aproximadamente 60 minutos) das técnicas através de slides e/ou fotos com os nomes das técnicas e descrições com palavras-chaves que podem ser apresentadas de acordo com as zonas onde possivelmente seriam inseridas.

Após a apresentação teórica das técnicas, os estudantes realizam a apresentação dos trabalhos em grupos de planejamento produtivo para diferentes biomas. É possível dar mais 15 minutos para cada grupo atualizar seu trabalho com alguma das técnicas que foram apresentadas em aula e que eles não haviam colocado em seu projeto.

Trabalho em grupos: Planejamento produtivo para diferentes biomas

2 h 15 min

A atividade compreende um planejamento prévio (fora de sala, em casa, em tempo à parte) que leva aproximadamente 120 minutos por grupo e uma apresentação dos resultados que leva de 10 a 15 minutos para cada grupo.

Dica: Deixe grupo escolher a melhor forma de apresentar seu planejamento produtivo, seja por slides, fotos, cartazes, desenhos, etc.

A tarefa proposta compreende desenvolver o planejamento em relação à proposição de técnicas vistas em aula para uma propriedade a seguir, considerando:

  • Setores conforme a realidade do local;
  • Técnicas de produção de alimentos para cada zona, com elementos (características, necessidades, funções) e conexões entre elementos e zonas.

Assim, cada grupo deverá fazer um planejamento produtivo para o primeiro ano (tempo zero), 2 anos, 5 anos, 10 anos e 20 anos.

Então, são passados para os grupos os exemplos de propriedades a serem estudadas. Para isso é preciso buscar unidades de tamanhos típicos dos módulos fiscais unifamiliares de cada região em condições que sejam realistas e apresentem algumas dificuldades para cada grupo. Para cada propriedade é apresentada a lista de informações e uma foto aérea com a demarcação do terreno, além de outras fotos de detalhes da paisagem.

Dica: Utilize imagens de programas de navegação como o Google Earth ou o Bing. Obtenha uma cena da tela usando a tecla “printscreen” e insira no texto com a atividade a ser desenvolvida.

Na UFSC propomos 4 contextos, sendo um no bioma Amazônico, outro na Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica. As informações para o desenvolvimento da atividade podem ser obtidas aqui. Além desses biomas brasileiros, poderiam ser apresentadas propriedades em climas mais extremos como polares e desérticos, entre outros.

Ao final da apresentação desse trabalho, explica-se que o mesmo tipo de abordagem sobre os sistemas produtivos deverá ser realizado no projeto final do curso.

Dinâmicas

Monocultivo não para em pé

10 min

Essa dinâmica é “bem dinâmica” e envolve o toque, a acolhida e, fundamentalmente, a união.

Prepare cartões em número maior que o de participantes no momento (uns quatro a mais). Nesses cartões, insira o nome de duas árvores, sendo um nome para uma espécie silvestre e outro para uma espécie exótica e plantada em regime de monocultivo em sua região. Para grupos de 20 pessoas, escolha umas cinco espécies de árvores silvestres e uma de exótica. Preencha os cartões com esses dois nomes e sequencie-os de modo a fazer com que cartões que contenham as mesmas árvores fiquem intercalados por quatro outros cartões.

Cartões com as espécies de árvores em sequência de aplicação. Fonte: Arthur Nanni.

Faça uma roda bem fechada e solicite que os participantes entrelacem seus braços. Posicione-se no centro da roda e informe como funcionará a brincadeira, com as falas:

  • Distribuirei cartões que contêm o nome de duas árvores. Ao receber o seu cartão, olhe e memorize os nomes dessas duas árvores e não deixe seu vizinho ver esses nomes, tampouco conte para outros. Guarde o cartão em seu bolso.
  • Agora que todos possuem seus cartões, lembre-se de que cada um de vocês passou a ser duas árvores.

Pegue um cartão para você, memorize suas espécies e entre na roda com os outros. Mais regras do jogo serão cantadas:

  • Grupo, agora a coisa funciona da seguinte forma: direi o nome de uma árvore, e aqueles que a tiverem deverão tirar os dois pés do chão.
  • Os parceiros que estão ao lado de quem tirar os pés do chão deverão fazer força para segurar e o restante do conjunto também. Não pode deixar ninguém cair!

Terminada essa parte sobre como funciona a brincadeira, chame uma espécie silvestre atrás da outra e acompanhe as reações para ver se o grupo está conseguindo manter os que tiram os dois pés do chão. Após esgotar as espécies silvestres, chame a exótica. Nesse ponto, como todos os cartões terão essa espécie exótica, todos tentarão tirar os pés do chão e o círculo irá colapsar, mostrando que monocultivo não se mantém sozinho ou “não para em pé”.

Dinâmica “Monocultivo não para em pé”, no projeto PermaChico em Almirante Tamandaré/PR, 2016 Foto: Marcelo Venturi.

Práticas

Muitas práticas são possíveis sob este conteúdo, algumas já foram ou serão apresentadas em outros conteúdos, pela possibilidade de serem aplicadas em mais de um assunto.

Listamos aqui alguns exemplos de práticas possíveis e descrevemos um número menor a seguir, principalmente as que acreditamos necessitarem de melhor descrição:

  • Traçando uma curva de nível em campo com pé-de-galinha;
  • Traçando uma vala de infiltração/escoamento com o pé-de-galinha;
  • Construção de canteiro de palha instantâneo;
  • Construção de espiral de ervas;
  • Construção e manutenção de composteira;
  • Construção e manutenção de minhocário;
  • Construção e manutenção de trator de galinha (pode ser feito como tarefa em grupo também);
  • Implantação e manutenção de SAF; e
  • Instalações, manejos e manutenções de sistemas de criação e cultivos diversos.

Construção de canteiro instantâneo com palha

30 min

Para esta prática será necessário reunir previamente todos os materiais:

  • Montes de palha seca, suficiente para cobrir todos os canteiros com camadas bem espessas, em torno de 30 cm;
  • Quantidade de composto orgânico ou solo fértil ou a mistura de ambos;
  • Galhos, troncos e/ou tábuas para as bordas;
  • Mudas de hortaliças diversas, estacas e sementes das que não necessitam de preparo prévio; e
  • Água para irrigação, regadores, mangueiras etc.

Considerando que estamos no Brasil, em clima tropical e subtropical (situação da UFSC), em que a natureza muito raramente congela os solos, não se justifica o seu revolvimento. Uma forma rápida de cultivo e adequada ao nosso clima é realizá-lo diretamente junto com a palhada. Isso imita o que ocorre na natureza, controlando brotações espontâneas, além de ajudar a manter a umidade adequada do solo ou a aeração e descompactação em locais muito úmidos.

Para conseguir grande quantidade de palha ou serrapilheira, pode-se recolhê-las em restos de lavouras ou sob árvores, ou em áreas urbanas solicitando doações em mercados e nas Centrais de Abastecimento (CEASA), onde chegam grandes quantidades de palha diariamente para proteger certos produtos agrícolas.

Previamente pode-se roçar e limpar o local. Primeiramente, com alguns galhos ou troncos, delimitam-se os desenhos dos canteiros. Em seguida limpam-se os caminhos retirando a camada de solo mais fértil e jogando-as no canteiro. Os caminhos podem ser preenchidos com palha ou cepilho, que após se decomporem podem ser jogados como adubo novamente sobre os canteiros e repostos nos caminhos.

Em seguida coloca-se nos canteiros a palha/serrapilheira formando uma volumosa camada, algo em torno de 30 cm de espessura. Nos locais onde se deseja fazer os plantios, abre-se a palha com as mãos formando espaços cônicos, abertos em cima, que se preenchem com o composto orgânico. O plantio se realiza diretamente no composto. Em seguida resta somente irrigar todas as mudas, ação que deve ser repetida diariamente.

Se for uma unidade familiar é importante considerar o espaço de 1m2 de horta/pessoa/semana, para garantir a média de subsistência de vegetais olerícolas. Seria interessante um novo pedaço de canteiro ser plantado semanalmente para garantir as colheitas também semanais num futuro breve. Considerando o tempo de certas culturas, pode-se ter espaço para produzir para dois a cinco meses. Como exemplo de exercício, podemos fazer apenas um pequeno trecho para fixar a técnica e a função de cada elemento neste sistema.

Canteiro elevado de palha na estação permacultural Yvyporã, 2013. Foto: Marcelo Venturi.

Atividade no EaD

Sobre SAF

A partir dos materiais disponibilizados, solicite ao aluno a elaboração de um texto que explique o que é um Sistema Agroflorestal (SAF), apresentando suas principais características.

Seguem abaixo sugestões de itens a serem considerados na resposta:

  1. O que é preciso para um sistema ser considerado um SAF.
  2. Métodos de cultivo.
  3. Tempo de plantio.
  4. Importância ecológica.
  5. Espécies possíveis de serem cultivadas em sua região.

Sobre técnicas e culturas para diferentes contextos

Após apresentadas todas as técnicas produtivas listadas no conteúdo, solicite aos alunos que organizem quais técnicas seriam adequadas para cada um dos exemplos dos biomas sugeridos no “Trabalho em grupos: Planejamento produtivo para diferentes biomas” e que justifiquem por que usar ou não usar cada uma. Lembrar que várias técnicas seriam adequadas em diferentes contextos.

Assim, espera-se que os estudantes façam uma tabela com cada um dos exemplos de propriedade e que, ao lado, listem as técnicas e justificativas para utilizá-las ou não naquele contexto.

Conteúdo complementar

Vídeos

Leitura

  • O Renascer da Agricultura, por Ernest Götsch.

  • Introdução à Permacultura – Panfletos da série Curso de Design em Permacultura:
    • Permacultura em paisagens úmidas. p. 11-34
    • Permacultura em paisagens áridas. p. 35-43
    • Permacultura em ilhas baixas. p. 44-48
    • Permacultura em ilhas altas. p. 49-50
    • Permacultura em paisagens graníticas. p. 50-51
    • Técnicas de Permacultura. p. 83-106
    • Florestas em Permacultura. p. 107-122.

Aula

Referências sugeridas

INSTITUTO SOUZA CRUZ, Programa Hortas Escolares; LABENSRU / CCA / UFSC. Hortas Escolares: o ambiente horta escolar como espaço de aprendizagem no contexto do Ensino Fundamental. 2004. Disponível em: http://fazenda.ufsc.br/files/2011/11/Hortas-Escolares.rar. Acesso em: 14 ago. 2019.

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Solos

Importância

Os solos são a base da vida e compreendê-los é de fundamental importância para desenvolver bons cultivos e criações na ecologia cultivada, estabelecer uma boa leitura da paisagem, fazer uso em estruturas, utensílios e construções.

Objetivo

Compreender como podem ser encontrados, identificados e reconhecidos os diferentes tipos de solos. Reconhecer características de interesse e as potenciais formas de aplicação no ambiente planejado.

Conteúdo mínimo

Identificação das características de diferentes categorias de solos em relação à matéria orgânica, umidade, textura (granulometria: arenoso, siltoso, argiloso), pH (acidez), ocorrência na paisagem incluindo a posição onde podem ser encontrados no relevo e em diferentes climas, compreensão sobre o porque de diferentes espessuras, texturas e horizontes, para permitir a interpretação, compreensão e aplicação de cada uma dessas características.

Exemplos breves de aplicações desses conhecimentos em relação à ecologia cultivada e às bioconstruções:

  • Testes simples com solos como: textura com frasco transparente com água e solo; contração com caixa-régua de madeira para compactação/expansão; matéria orgânica com água oxigenada etc.
  • Manejo e conservação de solos: curvas de nível, uso de equipamentos: pé-de-galinha e mangueira de nível, construção de degraus, terraços e patamares, criação de solos através de adição/acúmulo de matéria orgânica, acreção de palhada ou serrapilheira, plantio direto.
  • Apresentação dos diferentes tipos de construção com solo – adobe, cob, superadobe, pau a pique, taipa de pilão, rebocos, tijolo e telha cozidos, outros – e exemplos da característica e mistura ideal para construções com barro.

Metodologia

Exposição

3 horas

A aula expositiva pode ser feita de formas distintas, por exemplo:

  • Apresentação dos conteúdos teóricos em sala através de slides.
  • Apresentação prática em campo, através de caminhada observando a paisagem com paradas em alguns cortes (barrancos) onde existam diferentes horizontes de solo (o maior número possível).
  • Aula mista com visualização em campo do que existir e complementação em sala com transparências de imagens do que não foi visto em campo.

A aula teórica utilizada no CPP da UFSC é mista e inicia com uma volta pelo bosque, onde se visualiza um corte de solo e se discute a formação dos solos.

Dica: Nos cortes, busque analisar todas as características de forma visual e tátil, assim como testes, e também com bioconstruções com solo e com diferentes manejos agrícolas visíveis.

Em seguida, em local coberto se realiza a prática de identificação dos solos e de suas características (ver prática a seguir) com amostras de diferentes tipos de solo, a qual é seguida da explicação de cada um dos conceitos e características estudadas na comparação dos solos enquanto se faz uma revisão e, ao mesmo tempo, um gabarito com a turma.

Em seguida são apresentados os testes de identificação de textura e dos tipos de argila, assim como do teor de matéria orgânica dos solos (apresentados detalhadamente nas práticas a seguir).

Em uma terceira etapa desta aula, são apresentadas teorias sobre os assuntos ainda não trabalhados, como identificação dos tipos de solo em relação à paisagem e ao relevo e outros conceitos.

Por último, mostram-se aplicações práticas dos conteúdos de solos: usos de manejo e conservação dos solos para cultivos, a prática de leitura da curva de nível (ver em prática relacionada: Traçando uma vala de infiltração/escoamento) e as formas de construção com barro.

Identificação dos solos e de suas características

90 min

Para aula em sala ou em campo, sugere-se que sejam previamente recolhidas amostras de diferentes solos, incluindo horizontes A, B e C; arenosos, argilosos, mistos, orgânicos etc., registrando-se de onde na paisagem e em que tipo de clima e formaram. Identifica-se cada amostra com uma letra ou número, após, separe em partes para possibilitar que uma mesma amostra possa ser distribuída para cada grupo de quatro a seis pessoas. No CPP da UFSC, usamos um conjunto de amostras com quatro a cinco diferentes solos da região da grande Florianópolis.

Dica: É mais didático coletar solos da paisagem onde está se desenvolvendo o CPP, aplicar as práticas aqui propostas e depois fazer uma caminhada com a turma e mostrar in loco onde ocorre cada tipo descrito pelos participantes.

Em grupo, as amostras deverão ser analisadas utilizando-se apenas dos sentidos para preencher um quadro com características de cada uma das amostras de solo, promovendo uma comparação entre elas, por exemplo:

  1. Qual a textura predominante: argiloso (fino) ou arenoso (grosso)?
  2. Qual o teor de matéria orgânica? Há raízes e restos de folhas?
  3. Qual o teor de umidade, porcentagem de água presente em cada? Originalmente, no momento que foi coletado o solo, como seria?
  4. leitura da paisagem: onde, no relevo, podemos encontrar cada amostra/tipo de solo? Topo, meia encostas, plano alto ou baixo, várzeas etc.? Qual pode ser o clima em que cada amostra se formou?
  5. Em qual horizonte este tipo de solo é facilmente encontrado: superficial (A), intermediário (B) ou mais profundo, quase na rocha (C)?
  6. Quais as aplicações possíveis para cada tipo de solo?
Características SOLO 1 SOLO 2 SOLO 3 SOLO 4
1. TEXTURA
2. MATÉRIA ORGÂNICA
3. UMIDADE
4. RELEVO E CLIMA
5. HORIZONTE
6. USOS

Prática de identificação dos solos e suas características. Foto: Marcelo Venturi.

Depois, é realizada uma revisão em conjunto (grande grupo), em que cada grupo coloca suas opiniões no quadro, enquanto comparamos os resultados e corrigimos à medida que explicamos cada uma das características, aplicando e relacionando os conhecimentos. Dessa forma conseguimos trabalhar quase todos os conteúdos de caracterização e identificação de solos.

Identificando a textura de um solo

10 min

Existem duas formas simples de identificar a quantidade de areia, silte e argila presentes em um solo, ou seja, caracterizar sua textura. A primeira, normalmente utilizada em campo, é bastante simples e, também, menos precisa. Com um pouco de água se faz uma massinha com o solo em suas mãos. Se for possível construir um rolinho, o solo não é arenoso. Se o rolo for comprido, mas não for possível formar uma rosquinha com ele, é um solo siltoso. Se for possível fechar um círculo com o rolinho, de forma que se pareça com uma rosca, este solo deve ser argiloso. Então, faz-se uma prática mais precisa com outra forma.

Com as amostras de solo utilizadas na prática anterior, ou com alguma composta especificamente para esta prática, pode-se fazer este teste simples. O teste pode ser feito de forma passiva, de modo que o instrutor apenas mostre aos estudantes como fazer e depois apresente o resultado e a forma de interpretá-lo, ou pode-se utilizar os mesmos grupos da prática anterior com uma amostra diferente para cada grupo, comparando as características prévias com os resultados ao final. Cada qual recebe o material necessário para cada amostra de solo:

  • Frascos de vidro transparente com tampa (o número de amostras usado na atividade anterior);
  • Amostras de solo;
  • Água; e
  • Uma régua.

Preenche-se cerca de 10 cm de cada frasco de vidro com o solo que se quer testar. Após, completa-se com água deixando um espaço de ar para sacudir e misturar bem. Então, espera-se a mistura decantar por completo. Isso pode demorar de poucos minutos a várias horas, dependendo da quantidade de argila, que irá decantar por último.

Se a turma tiver um local para deixar seus vidros, pode-se preparar o experimento, marcar e verificar o resultado no dia seguinte. Caso contrário, é recomendado que o instrutor faça a experiência apenas de forma didática e leve os vidros com os testes previamente preparados, para mostrar o resultado.

Em seguida se comparam as camadas de material mais grosso ao fundo (arenoso), mediano (siltoso) e mais fino acima (argiloso). Utilizando a régua milimétrica e uma regra de três é possível estabelecer a porcentagem de cada material. Então, com os dados de porcentagem aproximada, podemos classificar o tipo de solo usando um gráfico ternário.

Gráfico ternário para classificação de textura de solos. Fonte: Adaptado de Embrapa (1979).

Dica: Baixe o arquivo PDF da imagem do gráfico ternário para plotar os resultados dos testes feitos. Solicite que cada grupo plote uma amostra pelo menos.

Comparação do teor de argila em duas amostras de solos. Foto: Arthur Nanni.

Teste de expansão/contração

20 min

Com uma ou mais caixas-régua feitas em madeira crua e macia, sem pintura, com as dimensões de (geralmente) 4 cm x 4 cm x 40 cm, de forma a manter um vão a ser preenchido pela mistura de solos a serem testados, é possível estabelecer se um solo é expansível ou não.

Essa caixa-régua é completamente preenchida com uma mistura uniforme do solo ou mistura a ser testada, com água, até atingir uma consistência de massa de pão mole, e nivelada em sua superfície, que deverá estar plana e lisa.

Essa amostra deverá ficar à sombra, em local ventilado, até secar por completo, o que ocorre entre uma e três semanas.

Nesse período, observe:

  • se ocorre uma expansão do solo/argila nos primeiros dias, o que caracteriza presença de muita argila expansiva no solo/mistura, que irá comprometer a obra;
  • após a secagem, se o volume de redução da amostra é igual ou superior a 10%, se sim, é muito grande e deve-se agregar mais areia (componente agregado); o ideal é uma redução inferior a 5%;
  • se há muito esfarelamento e baixa resistência do material.

Solo expandido indica argila expansiva, ruim para ser utilizada em construções por sofrer muita expansão e retração, causando rachaduras com maior facilidade. Um solo adequado possui até 10% de retração.

Dessa forma, teste as novas formulações de composição da mistura de solos com argilas e areias até encontrar o ponto ideal de resistência, redução do volume e expansão das argilas.

Matéria orgânica presente no solo

20 min

Com cada uma das amostras de solo utilizadas em aula também é possível fazer uma comparação da quantidade de matéria orgânica viva ou existente na amostra. Para isso será preciso:

  • Frascos transparentes, por exemplo copos;
  • Amostras de solos frescas, coletadas recentemente; e
  • Água oxigenada 10 volumes (líquida).

Coloque em cada copo a mesma quantidade de solo a ser comparado, em torno de 2 cm de solo. Depois, preencha com água oxigenada, com a mesma quantidade para cada copo, o suficiente para cobrir esse volume de solo, em torno de 20 ml de água oxigenada. Então observe a criação de espuma, que é proporcional à quantidade de vida ativa em cada amostra.

Atividades no EaD

  • Solicite ao participante que desenvolva um pequeno texto dissertando sobre como se formam os solos.
  • Solicite ao participante que colete e identifique, na paisagem de sua área de projeto de planejamento, diferentes tipos de solos. Oriente o participante para que as amostras sejam coletadas em distintas partes do relevo e profundidades, como topos e bases de morros e elevações, encostas, baixadas secas e úmidas, bordas de rios etc. A partir delas, solicite que seja feita a identificação das características do solo (conforme descrito acima nas práticas) e que sejam enviadas fotos desses solos na paisagem.
  • Por fim, solicite que seja feito um quadro comparativo com as respectivas respostas sobre as características de cada solo avaliado.

Conteúdo complementar

Vídeos

  • Assista à playlist “Solos” no canal da Rede NEPerma Brasil.

Leitura

Aula

  • Acesse o conteúdo da aula Solos.

Referências sugeridas

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Manejo e conservação do solo e da água no contexto das mudanças ambientais. Organização Rachel Bardy Prado, Ana Paula Dias Turetta e Aluísio Granato de Andrade. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2010. 486 p. Disponível em: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/34008/1/livro-manejo.pdf. Acesso em: 5 fev 2022.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. Reunião Técnica de Levantamento de Solos, 10., Súmula… Rio de Janeiro, 1979. 83 p. (Miscelânea, 1)

LEMOS, R. C.; SANTOS, R. D. dos. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 2. ed. Campinas: SBCS/SNLCS, 1984. 45 p.

LENGEN, Johan van. Manual do arquiteto descalço. Rio de Janeiro: Casa do Sonho, 2002. 724 p.

MINKE, Gernot. Manual de construção com terra: uma arquitetura sustentável. Tradução Jorge Simões. São Paulo: B4, 2015.

PRIMAVESI, Ana. Pergunte ao solo e às raízes: uma análise do solo tropical e mais de 70 casos resolvidos pela agroecologia. São Paulo: Nobel, 2014. 288 p.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR). Departamento de Solo e Engenharia Agrícola. Conhecendo os solos: abordagem para educadores do ensino fundamental na modalidade à distância. Universidade Federal do Paraná. Departamento de Solos e Engenharia Agrícola. Organização Marcelo Ricardo de Lima. Curitiba: Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 2014. 167 p.

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Padrões Naturais

 

Importância

Os padrões naturais refletem as estratégias evolutivas de adaptação a um meio promovidas por espécies e ambientes. Essas adaptações, sobretudo para seres vivos, são entendidas como cruciais para a permanência no espaço a longo prazo.

Uma boa compreensão dos padrões naturais permite uma melhor organização e eficiência energética do ambiente planejado, uma vez que otimizam os fluxos de energia e matéria, aumentam as interconexões no planejamento, tornando a vida mais fácil e o manejo mais eficiente.

Objetivo

Fazer com que o participante reconheça e compreenda como as coisas (elementos) se adaptam ao meio que as abriga e as mantém, a longo prazo, estáveis na paisagem. Estabelecer o elo sobre como utilizar os padrões naturais no espaço planejado para:

  • criar paisagens harmoniosas;
  • proporcionar fluxos de materiais e energia similares aos dos sistemas naturais;
  • conservar energia;
  • estabelecer a ciclagem de detritos; e
  • criar novos recursos (sinergia).

Conteúdo mínimo

Devem ser contemplados os padrões naturais biológicos, geológicos, minerais, de fluxo, sensoriais e temporais. É importante facilitar a compreensão da eficiência de cada padrão natural, bem como revelar suas relações/vocações no ambiente planejado.

Metodologia

Práticas

Observação na natureza

60 min

Levar os participantes a uma área verde e solicitar que, individualmente, observem e reconheçam padrões naturais ao seu redor. Após isso, reunir o grupo para ver o que cada um dos participantes encontrou e discutir sobre o padrão reconhecido, buscando facilitar o reconhecimento dos demais participantes, bem como explicar as estratégias evolutivas de otimização de energia explícitas no elemento/material em discussão.

Uma roda com os participantes junto a uma floresta onde são discutidos os padrões encontrados por cada um.

Participantes descobrindo padrões naturais junto ao CPP para a academia realizado em 2020 na UFV em Viçosa/MG. Foto: Jefferson Mota.

Em caso de chuva, vale ter uma coleção de materiais e artefatos com padrões claros naturais, como galhos, folhas, sementes etc. Em sala de aula coloque-os sobre uma mesa central e distribua-os entre os participantes. Solicite aos participantes que reconheçam padrões e, após isso, abra uma discussão sobre cada padrão, buscando dar nomes a eles. Uma variação dessa atividade pode ser solicitar que os participantes desenhem os padrões.

Dinâmicas

Trabalhando os sentidos

30 min

Esta prática é ideal para ser aplicada ao ar livre e em meio à natureza. Coloque os alunos em um círculo, sentados, voltados para fora, de costas para o centro. Solicite que fechem os olhos e passe objetos para que eles os toquem. Ofereça uma diversidade de formas, texturas e cheiros. Os objetos, antes escondidos em um sacolão são distribuídos pelo instrutor para cada participante, o qual, após senti-los, um a um, passa-os para o colega ao lado – sempre na mesma direção, de forma a sentir os padrões, sem se preocupar em identificá-los.

Ao final do reconhecimento de texturas e padrões dos objetos pelo tato, pedir para que se deitem no mesmo lugar, para que em silêncio ouçam e identifiquem padrões sonoros.

Padrões percebidos pelos sentidos além da visão. Foto: Marcelo Venturi.

Exposição

60 min

Em sala de aula, o instrutor deve expor, através de fotos, figuras e objetos, os diferentes tipos de padrões naturais. Nesse momento, busca-se o debate sobre que estratégias de permanência estão embutidas em cada padrão.

Padrão espiral em exemplar de Aloe polyphylla. Fonte: Just chaos – Aloe Plant, CC BY 2.0.

Padrões radial e concêntrico em uma teia. Fonte: CC BY-SA 3.0. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=103323. Acesso em: 31 maio 2019.

Dica: Use imagens de acesso livre para confeccionar seus materiais didáticos. Um bom banco pode ser encontrado em Wikimedia Commons.

Atividade no EaD

Solicite ao participante que dê um passeio na sua propriedade de estudo, que observe a paisagem e os elementos que a compõem, que identifique pelo menos três padrões naturais presentes, nomeie os padrões identificados e fotografe os elementos que os ilustram. É interessante solicitar que ele descreva o contexto em que o objeto se encontra na paisagem.

Conteúdo complementar

Vídeos

Leitura

Aula

Referências sugeridas

MARS, Ross. O design básico em Permacultura / Ross Mars e Martin Ducker; tradução Potira Preiss. – Porto Alegre: Via Sapiens, 2008. 167 p.

MCKENZIE, Lachlan; LEMOS, Ego. Natural Patterns. In: MCKENZIE, Lachlan; LEMOS. The Tropical Permaculture Guidebook: A Gift from Timor-Leste. International Edition, 2017. v. 1. ISBN: 978-0-6481669-9-3. Disponível em: http://permacultureguidebook.org/. Acesso em: 20 jan 2022.

MOLLISON Bill; SLAY, Reny Mia. Compreendendo padrões. In: MOLLISON, Bill; SLAY, Reny Mia. Introdução à permacultura. Tradução André Luis Jaeger Soares. Brasília: MA/SDR/PNFC, 1998. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/199851. Acesso em: 20 jan 2022.

Entre em contato com os autores

Éticas e princípios de planejamento

Importância

Abordar as éticas e os princípios de planejamento logo no segundo encontro possibilita trabalhar com esses temas desde o início, permitindo que sejam resgatados ao longo do curso. As éticas e os princípios de planejamento são uma das bases que estabelecem a permacultura como uma ciência socioambiental e uma filosofia de vida, ou seja, muito mais que um balaio de técnicas.

Objetivo

Apresentar as éticas e os princípios de planejamento para que, além de serem incorporados, também possam ser consultados ao longo do curso.

Conteúdo mínimo

Éticas e princípios de planejamento propostos por David Holmgren. As Éticas propostas por vários autores são apresentadas e comparadas para que cada estudante opte pela forma que melhor se identificar. Os princípios propostos por Bill Mollison também são mencionados, mas de forma complementar, visto que muitos dos princípios sistematizados por Holmgren já contemplam aqueles a que Bill Mollison propôs.

Metodologia

Introdução às Éticas e História dos princípios

45 min

Se fazem duas perguntas de provocação à aula – como por exemplo: O que é ética? E o que nós humanos necessitamos para viver? – aguardando as respostas dos participantes que são escritas na lousa ou quadro de forma que todos vejam, tentando organizar as respostas, sem que os participantes percebam, segundo elas se encaixem nas necessidades propostas por Maslow em sua Pirâmide das Necessidades Humanas: sendo as necessidades das mais básicas até as mais complexas ou difíceis: Fisiológicas – de Segurança – Sociais – de Estima – de Autorrealização.

Então, apresenta-se a Pirâmide das Necessidades Humanas de Maslow, e se explica sua teoria: de que os humanos não conseguem focar no próximo degrau em busca de atender suas necessidades, enquanto não forem satisfeitas completamente as de níveis inferiores na hierarquia, e como isso explica  muitas atitudes humanas e formas de agir. Portanto quando buscamos uma sociedade/comunidade com adequadas condições de vida para todos, precisamos buscar esse crescimento de satisfações de forma que todos cresçamos em conjunto.

Isso nos leva à apresentação da Flor da Permacultura, proposta por David Holmgren, que mostra como a permacultura transpassa por todas essas necessidades humanas.

Éticas

A esta altura do encontro introduzimos a questão “O que é Ética?”

Assim, apresentamos as Éticas da permacultura por ordem, explicando a teoria proposta por Bill Mollison: de que se compreendêssemos a primeira ética que inclui o cuidado com o planeta, não precisaríamos de nenhuma das demais. Mas como ser humano não se vê como parte do planeta, precisamos ter algo mais explícito, e isso nos leva a segunda ética do cuidar as pessoas. Entretanto, há a compressão que não basta apenas cuidar, é necessário priorizarmos a inclusão de todos com paridade, o que nos levou a criar a terceira ética da permacultura. As palavras em destaque usadas para resumir as éticas foram propostas por Heather Jo Flores (3Ps: Planeta, Pessoas e Paridade).

Então explicamos que as éticas são sempre as mesmas três, mas que podem ser vistas, expressadas e compreendidas sob diferentes formas, segundo a releitura de diferentes autores, ou de forma que seja melhor compreendida por diferentes contextos.

Podendo ser:

  1. Cuidar da terra; ou
    Cuidar da Terra; ou
    Cuidar do Planeta; ou apenas
    Planeta.
  2. Cuidar das pessoas; ou apenas
    Pessoas.
  3. Limites ao crescimento populacional e ao Consumo; e/ou
    Compartilhar excedentes (inclusive conhecimentos); ou
    Partilha justa; ou
    Processo cuidadoso; ou
    Cuidar do futuro; ou
    Paridade.

Aqui encerra-se o conteúdo sobre as éticas, mostrando a diversidade e permitindo que os permaculturandos escolham a forma que melhor os representa de expressarem as mesmas três éticas. Então passamos para a abordagem sobre os princípios de planejamento.

Princípios de Planejamento

Inicia-se apresentando os princípios (em torno de 16) conforme foram abordados por Bill Mollison em seus primeiros livros. Em seguida, apresentamos uma comparação destes com os 12 princípios sistematizados por David Holmgrem, explicando ou solicitando que os estudantes comparem e façam as conexões de em quais princípios propostos por Bill que são representados por quais do David.

Finalizamos essa primeira parte mostrando a árvore da permacultura, proposta por Jo Flores, em que apresenta a permacultura como uma arvore, em que as éticas são as raízes, os troncos são os princípios, e os componentes do planejamento, que servem a atender nossas necessidades, são os ramos e folhas.

Trabalhando os Princípios

100 min

Inicia-se a aula solicitando que cada participante indique um princípio que aborde o tema sustentabilidade. Muitas indicações ambientais virão, e o instrutor deve estimular que venham as sociais e, por fim, as econômicas. Colocam-se as indicações no quadro posicionando-as de acordo com sua inserção, se o quesito é ambiental, social ou econômico.

Nesse ponto, é possível abordar as éticas, mostrando que “Cuidar da Terra” reflete de forma focada o quesito ambiental, “Cuidar das pessoas” reflete principalmente o social (mas também a saúde) e “Cuidar do futuro” reflete o quesito econômico (eco = casa e nomos = gestão) e inclui também questões sociais e organizativas, entre outras. Ao término dessa abordagem, sugere-se um breve intervalo.

Dica: A adoção da ética “Cuidar do futuro” como conteúdo é uma decisão do instrutor. Sua proposta é recente e ainda segue sendo avaliada quanto a sua adoção definitiva, porém, em muitos outros países, isso já está ocorrendo. Para essa ética, primeiramente Bill Mollison propôs “Limites ao crescimento” e “Redistribuição dos excedentes”, logo após, David Holmgren sintetizou esses dois em “Partilha justa”.

No retorno do intervalo, as atividades podem ser retomadas por meio da tarefa solicitada no primeiro encontro sobre os princípios de planejamento.

Solicite aos participantes, por ordem de princípio, que apresentem aquele que ficou a cargo do seu grupo na aula anterior, quando você entregou o material Princípios de Permacultura. Isso é feito em aproximadamente cinco minutos por princípio, podendo se alongar de acordo com o fluir do conteúdo e com a disposição do grupo em discutir a respeito de cada princípio. Após a apresentação, fixe a folha confeccionada para o princípio em um local de boa visibilidade na sala de aula. Faça o mesmo procedimento para os demais princípios, até fixar todos em uma parede ou painel visível. As folhas com cada princípio de planejamento ficarão nesse espaço até o término do curso e poderão/deverão ser consultadas sempre que oportuno, em cada tema que virá pela frente ao longo do curso.

Após esse momento, sugere-se a projeção do videoclipe da música The permaculture song, que resume os princípios.

Apresentação dos princípios pelos participantes. Foto: Marcelo Venturi.

Desenhos dos princípios feitos pelos participantes que ficam fixados até o final do curso. Foto: Marcelo Venturi.

Práticas

Revisando e sentindo os princípios

20 a 30 min

Logo após o videoclipe, é feita uma espécie de revisão/percepção sobre os princípios. Para tal, usa-se uma sequência de fotos com cenas que remetem aos princípios, sempre destacando um deles. Projetam-se as fotos e pergunta-se ao grande grupo sobre qual é o princípio que está em destaque na imagem. Ao final, os participantes compreendem que todas as cenas contêm todos os princípios, mas que há, também, a predominância de um deles.

Dica: Utilize imagens de livre acesso e uso, como as do Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/Main_Page

Dinâmicas

Conectando princípios

30 min

Esta atividade pode ser apresentada previamente ao conteúdo dos princípios da permacultura ou a título de conhecimento histórico, logo a seguir da apresentação dos princípios. O objetivo da dinâmica é a comparação dos princípios de planejamento propostos por Bill Mollison em seus primeiros livros (em especial no Permaculture: A designer’s manual, 1988) com os 12 princípios de planejamento propostos por David Holmgren em seu livro Permaculture: Principles and Pathways Beyond Sustainability (2002).

Se lista em duas colunas distantes os princípios propostos por cada um dos autores. Então, com a participação da turma, se solicita para relacionar ou ligar, conectar os princípios que estão representados de uma coluna a algum equivalente na outra.

Assim se percebe que todos os princípios propostos por Bill Mollison estão bem representados nos princípios propostos por David Holmgren, e vice-versa. A partir destas listas pode-se também aprofundar alguns significados de cada um dos princípios, e explicar a sistematização didática feita por David Holmgren, que deu passos adiante em relação aos princípios propostos por Bill.

Coletivo unido

Ao final desse encontro, os participantes puderam trocar informações sobre si em pequenos grupos e também expor sua personalidade, como um “cartão de visitas” aos demais participantes. Entendemos que nesse momento é importante consolidar que seremos um grupo, “uma só família” até o final do CPP. Assim é proposta a dinâmica “Coletivo unido”.

10 min

Deixe preparadas etiquetas de quatro a cinco cores diferentes, de acordo com o número de participantes, incluindo você. Para cada cor haverá quatro, cinco ou mais etiquetas dependendo do número de participantes. A ideia é termos grupos de cores.

Solicite que todos permaneçam calados (“vaca amarela”) e fechem os olhos. Cole uma etiqueta na testa de cada participante e, por fim, solicite que um deles cole uma etiqueta em sua testa. Nesse ponto, todos conseguem ver as cores dos demais, mas não, a que está afixada em sua testa.

Solicite a todos que, calados, se unam por cores em grupos. É possível usar gestos e deslocar parceiros. Isso tudo deve ser feito no tempo máximo de 1 minuto. Ao longo do agrupamento, vá fazendo uma contagem regressiva, de 10 em 10 segundos.

Atividade no EaD

Solicite ao participante que relacione o princípio de planejamento adequado para cada frase a seguir:

  1. Muitas vezes, nossos olhos não enxergam a importância das margens. Esses ambientes são ricos em oportunidades. (Princípio 11: Use as bordas e valorize os elementos marginais.)

  2. Sincronizar o planejamento com o ritmo da natureza é uma das mais importantes escolhas para obter resultados eficazes e duradouros. (Princípio 9: Use soluções pequenas e lentas.)

  3. A integração de relacionamentos é chave para a obtenção da diversidade e do seu equilíbrio dinâmico. (Princípio 8: Integrar ao invés de segregar.)

  4. Recusar é a melhor forma de não gerar impactos negativos ao ambiente e também de alcançar a felicidade através da simplicidade, pois ela não pode ser comprada. (Princípio 6: Não produza desperdícios.)

  5. Não se pode compreender a importância de uma árvore sem antes entender o contexto da floresta. (Princípio 7: Design partindo de padrões para chegar nos detalhes.)

  6. A natureza está em constante mutação. Para acompanharmos sua dinâmica é necessário um bom grau de flexibilidade. (Princípio 12: Use a criatividade e responda às mudanças.)

  7. O equilíbrio dinâmico eficaz de um sistema planejado é mais facilmente obtido a partir da diversidade. (Princípio 10: Use e valorize a diversidade.)

  8. É necessário avaliar que fontes energéticas utilizamos e com qual finalidade. Na natureza todos os elementos possuem uma fonte energética embutida, com maior ou menor grau de concentração. A captação de energia deve vir acompanhada de um uso adequado e de uma armazenagem para que algum possível período de escassez energética seja superado com tranquilidade. (Princípio 2: Capte e armazene energia.)

  9. Utilizar materiais, fluxos de energia e valorizar os serviços ambientais de ciclo curto e local. (Princípio 5: Use e valorize os serviços e recursos renováveis.)

  10. Deve-se observar a disposição e a interação entre os elementos e os processos presentes em determinada área para então começar a interagir fazendo reflexões, planejamentos e ações sobre ela. (Princípio 1: Observe e interaja.)

  11. A natureza fornece respostas em relação às interações que mantemos com ela. Essas respostas podem contribuir para o crescimento da produção, seja ela de energia, alimentos ou outros itens, ou para a diminuição dela. Para buscar um equilíbrio no sistema é preciso estar atento a esses efeitos. (Princípio 4: Pratique a autorregulação e aceite feedback.)

  12. Para se construir um futuro mais seguro e saudável é necessário ter as necessidades atuais supridas. Portanto, deve-se pensar em resultados a curto, médio e longo prazo. (Princípio 3: Obtenha rendimento.)

Conteúdo complementar

Vídeos

Leitura

Aula

Acesse o conteúdo da aula Éticas e princípios de planejamento.

Referências sugeridas

DIXON, Milton. Future Care. Permaculture Productions LLC. Disponível em: https://permacultureproductions.com/2014/01/future-care/. Acesso em: 16 jan. 2022.

HARLAND, Maddy. Future Care – redefining the third permaculture ethic. Permaculture International, n. 95, Spring 2018. Disponível em: https://www.permaculture.co.uk/. Acesso em: 16 jan. 2022.

HOLMGREN, David. Permacultura: princípios e caminhos além da sustentabilidade. Tradução Luzia Araújo. Porto Alegre: Via Sapiens, 2013. 416 p.

PERMACULTURE Ethics and Principles. In: MCKENZIE, Lachlan; LEMOS, Ego. The Tropical Permaculture Guidebook: A Gift from Timor-Leste. International Edition, 2017. v. 1. ISBN: 978-0-6481669-9-3. Disponível em: https://permatilglobal.org/. Acesso em: 16 jan. 2022.

Entre em contato com os autores

Histórias da permacultura: As permaculturas ao longo do tempo

Importância

Como e por que a permacultura surgiu e chegou a ser como ela é hoje? Como isso pode influenciar nos cenários futuros?

Objetivo

Apresentar as inspirações que levaram aos propositores da ideia de cultura permanente a chegarem neste conceito como o conhecemos hoje. Repassar pelos contextos históricos das épocas em que a permacultura foi criada justificando suas motivações. Discutir a história da permacultura no mundo e no Brasil, convergências, nomes e entidades da história brasileira, situações atuais e cenários futuros.

Conteúdo mínimo

Os conteúdos estão organizados em períodos que podem ser estudados nesta ordem linear (e comparados com uma linha do tempo) ou causais ou ainda de outras formas.

Inspirações – “pré-história da permacultura”:

  • Povos originários
  • Kropotkin: “Campos, Fábricas e Oficinas” (1868) e “Ajuda Mútua” (1902)
  • Russel Smith: “Three crops: a permanent agriculture” (1929)
  • Toyohiko Kagawa: florestas cultivadas (1930)
  • Yeomans: curvas chaves, leitura da paisagem (1954, 1958, 1971, 1973)
  • Masanobu Fukuoka: “A revolução de uma palha” (1975).

Da criação ao presente – Contextos: quem, onde e quando:

Mundo

  • Revolução industrial e revolução verde, visão social, ambiental e produtiva. entre anos 1930 a 1980. Crises ambientais atuais.
  • Bruce Charles Mollison e sua história pessoal.
  • David Holmgren e sua história pessoal, antes e após conhecer Bill.
  • Suas obras.
  • Convergências de permacultura: o que são, onde e quando ocorrem.

Brasil (ou adapte a história equivalente ao seu país)

  • Contexto social e ambiental entre 1972 e 1990.
  • visitas de Bill na década de 1980.
  • Eco-92 e o primeiro curso.
  • Institutos iniciais e organizações atuais, principais nomes envolvidos.
  • Publicações nacionais, iniciais e atuais: revistas, livros, vídeos e redes sociais.
  • Pluralidade – Movimentos sociais ou elite, rurais ou urbanos, e na academia: a permacultura hoje.

Cenários futuros

  • Teorias mais recentes propostas por David Holmgren e onde podemos nos encaixar.

Metodologia

Aula expositiva e provocativa através de lembranças dos contextos históricos de cada momento e local apresentado.

Exposição

Exposição oral com apoio de recurso audiovisual OU MATERIAIS

 

Entre 50 e 120 min

Pode-se apresentar uma linha do tempo (impressa ou através de um link) da permacultura de modo a orientar as referências apresentadas durante a aula, ou se criar uma linha do tempo junto aos estudantes (ver dinâmica a seguir).

É recomendada a busca prévia de uma série de imagens que contextualizem as referências e contextos apresentados no conteúdo, que ordenados por ordem de apresentação, podendo ser lineares ou baseados em contextos causais e suas consequências.

Uma tela da apresentação da aula sobre história da permacultura. A cen contém duas imagens pequenas com as capas dos livros Permacultura 1 e Permacultura 2, e outro imagem com o Bill Mollison junto com David Holmgren.

Tela da aula sobre a história da permacultura. O uso de linhas auxilia na interpretação temporal.

Dinâmica

LINHA DO TEMPO

Material necessário:

  • Linha – novelo de lã colorida ou uma linha grossa, ou corda, enrolada.
  • Figuras relacionadas ao contexto e à história a ser contada. Podem ser associadas ou substituídas por nomes, datas e palavras chaves escritas em cartões (também pode ser escrito durante a aula, desde que seja de forma clara, bem visível e legível).

Com a turma organizada em círculo vai se desenrolando a linha e espalhando-a formando um caminho pelo chão do espaço dentro do círculo de pessoas, a medida que se vai citando os fatos históricos. A cada citação de referência: local, data ou personagem – se coloca a figura ou cartão correspondente sobre (ou grudado com fita) na linha.

É interessante que essa linha tenha períodos anteriores a vida da pessoa mais antiga dentre os participantes e também dias atuais e futuros.

Após a exposição, pode-se pedir para que as pessoas revisem a linha inteira e coloquem um cartão com um evento marcante para si: pessoal, local ou global – que tenha mudado ou referenciado sua vida no ponto da “linha do tempo” correspondente ao seu acontecimento.

Conteúdo complementar

Vídeos

  • Assista a aula Histórias: as permaculturas ao longo do tempo, a sessão ao vivo Histórias: as permaculturas ao longo do tempo e outros vídeos da playlist PDC – introdução no canal da Rede NEPerma Brasil.

Leitura

Aula

Referências sugeridas

CAMPOS, P. (2018). A pré-história da permacultura no Brasil. PermaFórum. https://permaforum.wordpress.com/2018/12/04/a-pre-historia-da-permacultura-no-brasil/.
HOLMGREN, D. David Holmgren farewells Bill Mollison, the father of permaculture. Permacultureprinciples.com. https://permacultureprinciples.com/post/holmgren-farewells-bill-mollison/
HOLMGREN, David. (2013). Permacultura: princípios e caminhos além da sustentabilidade. Via Sapiens.
KROPOTKIN, Piotr. (2011). A conquista do pão. Tradução César Falcão. 2. ed. Rio de Janeiro: Achiamé, 2011. https://we.riseup.net/assets/160381/A%20conquista%20do%20p%C3%A3o%20Piotr%20Kropotkin.pdf.
KROPOTKIN, Piotr. (2009). Ajuda mútua: um fator de evolução. Tradução Waldyr Azevedo Jr. São Sebastião: A Senhora Editora, 2009. https://we.riseup.net/assets/160386/Kropotkin-Ajuda-Mutua.pdf.
KROPOTKIN, Piotr. (1898). Campos, fábricas e oficinas. 1898.
Mckenzie, L., & Lemos, E. (2017). The Tropical Permaculture Guidebook: A Gift from Timor-Leste (International Edition, Vol. 1). http://permacultureguidebook.org/
Mollison, B., & Slay, R. M. (1998). Introdução à Permacultura. Tradução de André Soares. MA/SDR/PNFC. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/199851
Mollison, B. C., & Holmgren, D. (1987). Permaculture one: A perennial agriculture for human settlements. Tagari.
Mollison, B. (1979). Permaculture Two. Tagari Publications.
Mollison, B. (1999). Permaculture: A Designers’ Manual (8º ed). Tagari Publication.
MOLLISON, Bill.  Introdução à Permacultura – Panfletos da série Curso de Design em Permacultura: uma introdução à Permacultura. p. 1-10. Yankee Permaculture. https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/204099/Bill_Mollinson_Permacultura.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Mother Earth News. (1987). Ecological Farming: A Conversation With Fukuoka, Jackson and Mollison. Mother Earth News. https://www.motherearthnews.com/homesteading-and-livestock/ecological-farming-zmaz87mazgoe
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